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Batalhão de fotógrafos e cinegrafistas alerta os fumantes da fiscalização
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
É sábado, e a escova da
chefe da Vigilância Sanitária,
Cristina Megid, começa a se
desmantelar no ambiente
abafado do terceiro e último
bar que ela e sua equipe fiscalizam na segunda madrugada de blitz da lei antifumo.
À saída do Sarajevo, Cristina se abana em cima de sapatos muito altos de verniz
preto. "A gente não pode evitar ambientes em que as opções das pessoas são diferentes. Bom, você tem que ver
que eu sou de Botucatu."
O Sarajevo é o único dos
lugares visitados que recebe
uma advertência: são encontradas duas bitucas de cigarro no chão. "A gente tem de
implorar para que apaguem
os cigarros", diz a gerente,
Juliana Dias, 28.
No Vegas, clube GLS, o ar
está "puro", mas faz calor.
"Prefiro dançar a ir lá para
fora fumar", diz o designer
Rodrigo Motta, 23.
No Pescador, o cheiro de
manjubinha frita impede
qualquer tentativa de identificar fumaça de cigarro. Ninguém fuma.
Os fiscais estiveram no bar
na véspera, mas retornaram
ao saber que, assim que deram as costas, os clientes voltaram a fumar.
A blitz é acompanhada por
repórteres, cinegrafistas e
fotógrafos, que jogam luz nas
calçadas cheias de gente da
Augusta. Isso possibilita ao
dono pedir aos clientes que
apaguem seus cigarros antes
de ser multado.
A blitz esteve na véspera
no Pescador e está voltando
porque teve notícia de que,
assim que deu as costas, os
clientes retornaram a fumar.
"Orientei as equipes a entrarem várias vezes no mesmo lugar", diz Cristina.
Uma prostituta na calçada
vira-se de costas para não ser
filmada: "Que coisa ridícula.
Eu tenho família em São
Paulo, gente, não posso ficar
me expondo!".
A professora de body piercing Telma Damico, 33, espera um ônibus para voltar
para casa.
Ela diz à Cristina Megid
que não se conforma de viver
em uma cidade onde o metrô
não circula de madrugada.
"Não é incrível?"
Megid ajeita a escova.
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