São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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MEMÓRIA
Faculdade de Direito da USP inaugurou
cursos jurídicos no Brasil

Livro narra história do direito


MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

"Os brasileiros querem uma coisa só. O Estado de Direito já." Essa frase, que conclui a Carta aos Brasileiros, escrita por Goffredo da Silva Telles, sintetiza o espírito de uma história de quase 171 anos, a da Faculdade de Direito do Largo São Francisco -uma história que se tornou tema de um livro a ser lançado na terça-feira, dia 11.
Nessa data, comemora-se a criação dos cursos jurídicos no Brasil, o que possibilitou o surgimento da Academia de Direito de São Paulo (atual Faculdade de Direito da USP, mais conhecida como São Francisco) e o Curso Jurídico de Olinda (PE), ambos de 1827.
"Foi em 1977, no auge do regime militar (1964-1985). Li a carta no pátio interno da faculdade. Estava cheio de estudantes, professores, jornalistas", conta Goffredo, ao rememorar o que considera a experiência mais emocionante dos 46 anos em que trabalhou como professor na instituição.
"O grande ideal da faculdade se resume numa expressão: liberdade autêntica", diz o advogado, que se tornou conhecido como um dos maiores especialistas em direito constitucional do Brasil.
Um ideal também constatado pelas historiadoras que escreveram o livro "Arcadas: História da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (1827-1997)".
"A São Francisco foi criada dentro de um espírito humanístico para formar quadros para dirigir o país que estava se constituindo após a Independência (1822)", diz Ana Luiza Martins, uma das autoras da obra.
Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Castro Alves, Oswald de Andrade, José de Alencar e Ulysses Guimarães são apenas algumas das personalidades que passaram pela São Francisco. Guardadas as diferenças de área de atuação e linha de pensamento, todos se sobressaíram pela defesa dos direitos humanos ou da livre expressão e por terem desempenhado um papel relevante na história brasileira dos séculos 19 e 20.
"A criação dos cursos de direito fez parte de um projeto político do Império. Prevalecia uma visão jurídica do Estado e do direito regendo a política", diz Heloisa Barbuy, a outra autora do livro.
Em certa medida, o projeto foi bem-sucedido. "De todos os presidentes da República até 1930, apenas dois não foram alunos da São Francisco", diz Ana Luiza.


A primeira edição do livro será distribuída. A segunda edição deverá ser comercializada em livrarias. O livro foi editado pela Alternativa, com patrocínio da BM&F



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