São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Cerca de 30 pichadores invadem galeria de arte e danificam obras expostas

DANIELA MERCIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um grupo de pichadores invadiu, no último sábado, a Galeria Choque Cultural, no bairro de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), e danificou 20 obras de arte expostas no local.
A galeria é voltada à divulgação e à venda de trabalhos de arte underground, como grafite e design gráfico.
A ação foi organizada pelo artista Rafael Guedes Augustaitiz, o Rafael Pixobomb, que foi expulso do Centro Universitário Belas Artes em julho deste ano, por organizar uma pichação no prédio da faculdade.
Os pichadores fazem parte do movimento intitulado "PiXação: Arte Ataque Protesto", que tem como meta protestar contra a comercialização da arte de rua.
De acordo com o grupo, a galeria não representa a cultura urbana, e seus criadores não fazem parte do movimento de rua.
Entre as obras danificadas estão quadros de Gerald Laing, referência inglesa da pop art, e do artista de rua brasileiro Daniel Melim.

Invasão
A galeria estava em funcionamento quando o grupo de cerca de 30 pessoas, segundo informações do boletim de ocorrência, invadiu o local e pichou paredes, quadros e outros objetos em exposição. A ação durou aproximadamente cinco minutos.
O grupo foi chamado a fazer a pichação por meio de um "convite" enviado por e-mail, que dizia o seguinte: "Evadiremos com nossa arte protesto uma "bosta" de galeria de arte segundo sua ideologia abriga artista do movimento underground. Então é tudo nosso [sic]".
Procurado pela Folha, Augustaitiz não quis comentar a pichação e disse que "a ação falava por si mesma".
Baixo Ribeiro, um dos proprietários da Choque Cultural, afirmou que o evento teve "pouca importância" e não quis falar mais sobre a invasão ocorrida.
Na tarde de ontem, um boletim de ocorrência foi registrado no 14º Distrito Policial de São Paulo.
Segundo o DP, o proprietário já foi notificado para fazer representação contra o grupo, condição para abertura de inquérito no caso de um crime de natureza privada. O caso foi classificado como dano ao patrimônio.

Belas Artes
Na época em que Augustaitiz organizou a pichação no prédio da Belas Artes, ele alegou que a ação fazia parte do seu TCC (trabalho de conclusão de curso) em artes visuais. Augustaitiz não chegou a se formar.
Participaram da ação, ocorrida em 11 de junho, 40 jovens portando sprays. Eles chegaram à faculdade juntos, a pé, muitos deles mascarados, por volta das 21h, com latas escondidas sob as roupas. Cobriram a fachada, a recepção, as escadas e as salas de aula com letras pontudas que caracterizam a pichação paulista.
A Polícia Militar deteve sete jovens -incluindo o formando Augustaitiz.


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