PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O medo de enfrentar uma enchente levou a representante comercial Cristina Camerin Correa, 39, a subir o Minhocão no caminho de volta para casa. "Achei que lá em cima estaria segura", diz Cristina, que acabou se deparando com um trecho inesperadamente alagado.
Mas isso foi mais de quatro horas depois de sair de casa, no Pacaembu, zona oeste, para levar algumas peças a clientes no Tatuapé, zona leste.
"O trânsito no elevado em geral flui. Mas ontem, logo depois que acessei a pista em direção ao Pacaembu, tudo começou a ficar lento. Não entendia o que estava acontecendo, pensei que fosse acidente de carro ou atropelamento, até que percebi algo que eu nunca tinha visto ali: a pista estava cheia d'água."
O viaduto foi interditado nos dois sentidos, durante cerca de duas horas.
A essa altura Cristina já estava quase em casa, de onde não sairia mais o resto do dia.
Ela ontem acordou cedo para fazer as entregas que tinha agendado antes do feriado.
Por volta das 8h já estava na rua. Levou apenas uma hora e 15 minutos no trajeto até o Tatuapé, um tempo que, retrospectivamente, ela considerou até razoável -mesmo levando em conta que costuma fazer o mesmo trecho em cerca de 50 minutos.
Na ida, olhando para as pistas do contrafluxo, Cristina entendeu que a volta seria ainda mais estressante. "Sabe quando você olha e fica ainda mais nervosa com o que a aguarda?"
De fato: só o trecho entre a casa da última cliente na zona leste e o Minhocão alagado consumiu três horas em "primeira-segunda". Ela diz que cogitou, mas logo desistiu de tentar pegar vias alternativas.
"Tinha a Mooca, mas imagina se eu caio na avenida do Estado. Ali alaga que é um horror", lembra.
Cristina havia planejado entregar R$ 5 mil em mercadorias e não conseguiu chegar a R$ 700. Um prejuízo considerável para apenas uma manhã de trabalho.


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