São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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53 pessoas morrem e 37 ficam feridas no mais trágico acidente das estradas de SP

Matuiti Mayeso/Folha Imagem
Policias durante a retirada dos corpos do terceiro maior acidente rodoviário do Brasil, em Araras (170 km de SP)


das Regionais

Pelo menos 53 pessoas morreram e 37 ficaram feridas no acidente com maior número de vítimas já ocorrido nas estradas paulistas -o terceiro maior do Brasil.
O desastre envolveu dois ônibus, dois caminhões e um carro e aconteceu na rodovia Anhanguera, na altura de Araras (170 km a noroeste de SP), na madrugada de ontem.
A maior parte dos mortos eram romeiros de Anápolis (GO), que tinham ido à Aparecida e estavam nos ônibus. Quase todas as vítimas morreram carbonizadas.
O desastre envolveu pelo menos duas colisões e fogo que superou 1.000C, causado pelo combustível de um dos caminhões.
Ás 2h45, o caminhão-tanque, que viajava no sentido capital-interior da Anhanguera, se desgovernou, capotou e caiu no canteiro central da pista. Ele transportava 6.000 litros de gasolina e 26 mil litros de diesel, que se derramaram sobre a pista, o gramado e a canaleta para escoamento de água.
O caminhão pegou fogo e as labaredas atingiram a pista. O combustível espalhado levou as chamas a até 200 metros do local. O motorista do caminhão, José Carlos Saraiva, 35, morreu na hora.
Não há certeza sobre o que ocorreu em seguida. A versão mais provável, para a Polícia Rodoviária Estadual, é que um Apolo preto que vinha no mesmo sentido se perdeu na nuvem de fumaça do incêndio e bateu em uma placa no lado esquerdo da pista.
Os ônibus, da empresa Centro-Oeste, vinham em seguida, com 98 romeiros. O motorista do primeiro, confundido pela fumaça, perdeu o controle e tombou no canteiro central, batendo no caminhão em chamas.
O segundo ônibus caiu no canteiro central e conseguiu parar antes de se chocar com o da frente -a mais de 30 metros de distância, segundo testemunhas. Mas o combustível e o fogo também o atingiram.
Um caminhão que carregava garrafas também ficou desgovernado e tombou no canteiro.
Os momentos seguintes foram de pavor para os ocupantes dos veículos. Os passageiros dos ônibus não podiam sair pelas portas e tentavam sair pelas janelas. Houve pânico e gritaria. Quem conseguia sair tinha de pular no meio das chamas que envolviam os veículos.
"Nunca vi uma coisa dessas. O fogo foi muito rápido e só deu tempo de pular a janela", disse a sobrevivente Márcia Venâncio, 62.
Os primeiros carros começaram a parar para socorrer as vítimas, mas o resgate era difícil. "A única coisa a fazer era esperar que elas caíssem no meio do fogo para depois arrastá-las até o outro lado da pista", disse o sargento Adão Ismael Alves Pereira, 26, o segundo motorista a parar no local.
Algumas pessoas ficavam com seu corpo em chamas e rolavam sobre a grama para tentar apagá-las.
Quando os bombeiros chegaram, cerca de 20 minutos após o acidente, havia pouco a fazer.
O desastre fechou um fim-de-semana prolongado especialmente trágico: houve desabamento de um templo em Osasco, acidente com o iatista Lars Grael e o recorde de homicídios na capital.
(ANDRÉ LOZANO, GONZALO NAVARRETE, LILIAN CHRISTOFOLETTI, LUCIANA MARTINS, MARCELO BARTOLOMEI, MARCELO OLIVEIRA, MAURÍCIO SIMIONATO, RODRIGO VERGARA e WILLIAM FRANÇA)



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