São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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FERIADO TRÁGICO
Para Francisco Claro, a alta temperatura a que os corpos foram submetidos pode comprometer exame
Diretor do IML acha que nem com DNA será possível identificar alguns corpos

Juca Varella/Folha Imagem
O coveiro Silvio Pereira de Oliveira do cemitério Park, em Anápolis, onde devem ser enterradas as vítimas do acidente


da Reportagem Local

O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Francisco Claro, disse ser possível que nem mesmo um exame de DNA (o código genético) auxilie na identificação de algumas vítimas do acidente.
Segundo o perito, os corpos foram completamente carbonizados e o calor destrói as moléculas de DNA, dificultando o trabalho.
"Os cadáveres estão em péssimas condições, porque ficaram muito tempo sendo consumidos pelo fogo. Não se se vai dar para identificar todos", disse o perito.
Segundo Claro, serão utilizados os métodos normais de identificação, antes do DNA. "Vamos começar procurando sinais característicos daqueles que não foram muito queimados. Depois, faremos radiografias à procura de fraturas consolidadas."
A etapa posterior é a comparação das arcadas dentárias dos corpos com as fichas que os familiares apresentarem à polícia. "Só depois disso é que vamos tentar fazer os exames de DNA", disse.
Segundo o diretor do IML, não há previsão para o reconhecimento de todos os corpos -que foram levados ao IML de Campinas.
O legista do IML da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Fortunato Badan Palhares e o chefe do IML de Campinas, Antonio Francisco Basto, também consideraram que será difícil a identificação das vítimas do acidente. Segundo Palhares, alguns corpos foram calcinados, grau considerado acima de carbonizado.
A previsão é de que pelo menos metade dos corpos seja identificada dentro de uma semana pela equipe de legistas. Todos os corpos foram para Campinas. Os corpos começaram a chegar às 17h no IML do Cemitério dos Amarais, em Campinas.
Segundo Palhares, também não há previsão para a conclusão da identificação de todos os corpos. "É muito cedo para saber quando será a conclusão das análises."
"Vamos primeiro fazer uma triagem para avaliar quais corpos terão condições de serem identificados'', disse Palhares.
Segundo o legista, os dentes de algumas das vítimas foram calcinados e não poderão ser utilizados para identificação.
Palhares vai trabalhar com uma equipe de oito médicos e cinco auxiliares, além de dois assistentes que serão cedidos pelo Governo do Estado.
O IML vai ampliar os recursos para realizar os trabalhos. A pedido de Palhares, a Câmara Municipal cedeu funcionário, um computador e uma impressora para auxiliar no serviço de identificação.



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