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Parentes das vítimas foram avisados por sobreviventes
enviado especial a Anápolis (GO)
A notícia da morte dos fiéis de
Nossa Senhora Aparecida chegou
a Anápolis por volta das 4h30 de
ontem. Em alguns casos, os próprios sobreviventes comunicaram
a tragédia aos familiares.
Esse foi o caso de Osvando Albino de Moura, 50. Ele ligou para a
sobrinha, Marília, em Anápolis,
para comunicar a morte da mãe
dela, Milva, 51, da sogra, Orlanda,
57, e da tia, Olinda, 52. Isso depois
de ele ter retirado a mulher Ângela
e os três filhos das chamas em que
se envolveram os ônibus.
"Ele não falava nada direito, estava nervoso. Só dizia que tinha
muita gente morta e que os filhos e
a mulher estavam machucados,
mas que tinham sobrevivido porque ele tinha ajudado a socorrer",
disse Maria Aparecida Moura, prima de Marília.
Anualmente, em feriados prolongados, fiéis das igrejas de Nossa
Senhora Aparecida e de São Pedro
e São Paulo se reúnem para ir, em
romaria, até Aparecida do Norte.
Este ano, cada um deles pagou R$
140 por viagem, hospedagem e alimentação durante quatro dias.
Na sexta-feira pela manhã, 102
romeiros saíram de Anápolis, com
retorno previsto para hoje à tarde.
No grupo havia três religiosas da
Congregação das Irmãs de Belém
Äorganizadoras da romariaÄ,
sendo que duas delas, as irmãs
Dominique e Terezinha (nomes
religiosos), morreram.
Incertezas
A notícia da morte dos romeiros
comoveu principalmente dois
bairros de classe média baixa de
Anápolis: Jardim Alexandrina e
Maracanã. É neles que se localizam as igrejas que os fiéis frequentavam.
A falta da lista oficial de mortos
fez aumentar ainda mais a dor dos
familiares. Na porta da igreja de
Nossa Senhora Aparecida havia
apenas a lista com o nome de alguns sobreviventes.
"Não sei onde está a minha mãe.
Queria ir para São Paulo para ajudar a identificar o corpo dela",
disse, em lágrimas, o frentista Hélio do Carmo, que procurava informações sobre a mãe, Altiva, 70.
Numa rua, a Petrolina, dez pessoas eram dadas como mortas.
Numa única casa, a situada no lote
46 da quadra 4, uma família inteira morreu: o pai, a mãe, três filhos
adolescentes e a avó. O grupo sempre viajava junto em excursões semelhantes.
Ademar Santillo, prefeito de
Anápolis, viajou cedo para o local
do acidente, junto com o pároco
das igrejas, Renato Lima Lopes.
Foi decretado luto oficial na cidade, que tem 350 mil habitantes e se
situa a 54 km de Goiânia.
Até ontem à noite, permanecia
suspensa a idéia de fazer o velório
no Ginásio Internacional, pois
não se sabia quando os corpos das
vítimas chegariam à cidade.
De qualquer forma, o prefeito
mandou abrir sepulturas no Cemitério Parque. Até ontem à tarde,
28 haviam sido abertas na área
mais simples do cemitério, em um
local onde outros corpos foram
enterrados há mais de cinco anos
(prazo legal para a remoção das
ossadas).
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