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TRAGÉDIA EM OSASCO
Continuam internados 46 feridos no desabamento da igreja, sendo dois em estado grave na UTI
Porta do templo estava fechada, diz perícia
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
Policiais civis e peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo informaram ontem à Folha que
encontraram indícios de arrombamento na maioria das portas do
templo da igreja Universal em
Osasco, na Grande São Paulo.
Isso comprova, segundo a polícia, que as portas da igreja estavam fechadas no momento do acidente.
Em uma dessas portas, os peritos
encontraram marcas de solado de
tênis. O delegado Wesley Costa
Veloso, titular da seccional de
Osasco, afirmou ontem que um
local como o que abrigava o templo obrigatoriamente tem de ter
acessos livres em número suficiente para dar vazão às pessoas.
"Se as portas estavam realmente
fechadas, alguém da igreja terá de
ser responsabilizado", afirmou o
delegado.
Ex-locatário de uma loja na galeria Glamour e fiel da igreja Universal em Osasco, o jornalista Christian Morais, 23, diz que, quando
há vigílias, como a que ocorria
quando parte do telhado caiu, todas as portas da igreja são trancadas, até as saídas de emergência,
para evitar que algum ladrão entre
no local. "Isso é uma falha da
igreja. Aliás, da maioria das igrejas, não só as da Universal."
Morais, que teve uma copiadora
na galeria há cerca de um ano e
meio, fez críticas também ao estado de conservação do prédio e à
igreja. Segundo ele, o prédio tem
problemas de infiltração há muito
tempo.
"Perdi duas máquinas por causa de um curto-circuito provocado pela infiltração e pela inadequação dos cabos elétricos", afirmou o jornalista.
"Saí de lá porque me alertaram
que o prédio estava condenado.
Fiz denúncia na prefeitura, várias
pessoas fizeram, mas nada aconteceu. Tenho um amigo que tinha
uma empresa de editoração lá. Em
março do ano passado, ele perdeu
tudo o que tinha porque alagou
tudo depois de uma chuva. Nunca
fizeram qualquer tipo de vistoria", disse.
O jornalista descreve também o
chamado bate-pé. "Em determinado momento das vigílias, os
fiéis começam a bater os pés no
chão e a orar em voz alta. Nessa
hora, as paredes e o chão começam a tremer. Imagine 1.500 pessoas batendo os pés e orando. Treme tudo. Foi nessa hora que começou a cair tudo."
Em depoimento no sábado à polícia, o bispo Reinaldo Santos
Suísso, responsável pela regional
da Universal em Osasco, afirmou
que nunca notou nada de anormal
na estrutura do prédio. Apesar
disso, ele revelou que há cerca de
três meses foi necessário fazer
uma reforma geral no telhado e no
forro porque algumas placas de fibra de vidro se desprenderam.
Depoimentos
Estão programados para hoje à
tarde os primeiros depoimentos
dos sobreviventes do acidente. Segundo o delegado Flávio Augusto
de Souza Nogueira, a previsão
mais otimista é que os inquérito
seja concluído em 90 dias.
Sobre o fato de dez minutos antes do acidente uma placa de fibra
de vidro ter caído, o delegado afirmou: "Hipoteticamente, é um indicativo de negligência".
Até as 18h de ontem, 46 vítimas
do desabamento no templo na
madrugada de sábado permaneciam internados, segundo a Secretaria da Saúde de Osasco. Três pessoas receberam alta ontem.
Os feridos se encontravam nos
hospitais Regional (11), Antonio
Giglio (7) e Montreal (5) - todos
em Osasco. Em São Paulo, os feridos continuavam nos hospitais
Bandeirantes (9), Santa Casa (2) e
das Clínicas (12). Apenas dois feridos permaneciam em estado grave, internados em UTI.
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