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CÂMARA DE SP
Deputados e conselheiros do TCM apostaram todas suas fichas em candidatos, muitos deles desconhecidos
Eleição tem vitoriosos e derrotados ocultos
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O resultado das eleições para a
Câmara Municipal de São Paulo
beneficia e prejudica políticos que
apostaram todas as suas fichas
para eleger seus vereadores.
Deputados federais, estaduais e
conselheiros do TCM (Tribunal
de Contas do Município) são os
vitoriosos e derrotados ocultos
das eleições de 1º de outubro.
Muitos apoiaram candidatos a
vereador -pessoas completamente desconhecidas, na maioria
das vezes- para aumentar sua
influência política. Com a eleição
de seus afilhados, os políticos passam a ter a possibilidade de contratar 21 pessoas com o dinheiro
do município e mais condições
para atender as demandas clientelistas de suas bases eleitorais.
O deputado estadual Celino
Cardoso (PSDB) é um dos maiores derrotados ocultos. Tendo sido secretário da Casa Civil do governador Mário Covas, Celino
apostou tudo em Cláudio Roberto Barbosa de Souza (PSDB), o
Claudinho, mas perdeu.
Com uma densa base eleitoral
na região noroeste de São Paulo,
Celino havia garantido a eleição
de Pierre de Freitas (PSDB), em
1996. Mas, neste ano, seu apoio só
rendeu 21.710 votos para Claudinho, que ficou como segundo suplente do PSDB. Sem o apoio do
padrinho, Pierre teve 9.493 votos.
O deputado estadual Conte Lopes (PPB) abandonou o vereador
Cosme Lopes (PPB), seu sobrinho, para apoiar sua ex-mulher
Sonia Conte Lopes (PPB). Nenhum dos dois se elegeu. Cosme
teve 15.180 votos, e Sonia, 9.134.
Os deputados federais Nelo Rodolfo e José Índio (ambos do
PMDB) sofreram com a repercussão das investigações feitas pela
polícia em relação à corrupção na
administração municipal.
Nelo Rodolfo, que foi presidente da Câmara Municipal nos primeiros dois anos da gestão Celso
Pitta, apoiou o vereador Bruno
Feder, candidato à reeleição, e
Celso Meira (ambos do PTB). Feder foi citado em denúncias de
corrupção e só conseguiu 10.567
votos. Meira teve 11.970.
O deputado confirma o apoio a
Meira, mas nega ter dado respaldo a Feder, a quem cedeu seu assessor de imprensa, Roberto Viegas, quando foi para Brasília.
O fato de Feder não ter sido reeleito não é surpresa. Ele já havia
tentado, sem sucesso, uma vaga
na Assembléia Legislativa, em
1998. O mesmo ocorreu com Miguel Colasuonno (PMDB), que só
obteve 10.456 votos.
O deputado federal José Índio
Ferreira do Nascimento (PMDB)
apoiou Arlindo Afonso Alves
(PTB), que havia sido administrador regional da Mooca, por indicação dele. Apesar de sua ligação
com Zé Índio, Arlindo só teve
10.406 votos, após ter figurado na
lista de suspeitos de irregularidades. "Ele pensou que tinha vôo
próprio", afirma o deputado.
O comerciante Geová Francisco
de Oliveira (PRTB), outro candidato apoiado por Zé Índio, teve
apenas 6.204 votos.
O deputado federal Gilberto
Kassab (PFL) apostou na eleição
de Alfredo Cotait (PFL) e perdeu.
Cotait teve tempo privilegiado no
horário eleitoral gratuito do partido, mas só conseguiu 7.120 votos.
Mas ele não a única pessoa
apoiada por Kassab, que ajudou
vários candidatos de seu partido.
Um dele, Toninho Paiva (PFL),
foi reeleito com 25.729 votos.
O deputado estadual Alberto
Turco Loco Hiar (PSDB) é outro
que se deu mal. Oficialmente, ele
apoiou o vereador Eder Jofre
(PSDB), candidato à reeleição. Jofre só teve 10.771 votos.
O irmão de Turco Loco, Cláudio
Hayar (PFL), também não se elegeu com seus 8.277 votos.
O candidato Roberto Trindade
Rojão (PSDB) não conseguiu se
eleger. Ele costuma fazer "dobradinha" com o deputado federal
Antonio Kandir (PSDB).
O deputado estadual Rodolfo
Costa e Silva (PSDB) não conseguiu eleger Heitor Sertão (PSDB),
que teve 11.485 votos.
O conselheiro do TCM Walter
Abrahão não conseguiu eleger
seu filho Walter Abrahão Filho
(PFL), que teve 11.540 votos.
O deputado estadual Edson Farrarini (PL) também não conseguiu eleger Constantino Cury
(PHS). Eles trabalham juntos em
um centro de recuperação de
usuários de drogas.
Mesmo apoiando a candidata
Marta Suplicy (PT) e utilizando
grande parte do espaço do PHS
no horário eleitoral gratuito, ele
conseguiu apenas 3.499 votos.
O apoio do vice-prefeito de São
Paulo, Régis de Oliveira (PMN),
não adiantou muito ao delegado
Mellão (PMN). O candidato só
conseguiu 5.690 votos.
Vitoriosos
O deputado estadual Arthur Alves Pinto (PL) faz parte do grupo
de vitoriosos ocultos das eleições.
Ele ajudou a eleger Antonio Carlos Rodrigues (PL), que obteve
20.962 votos.
Rodrigues foi chefe de gabinete
de Pinto na Secretaria das Administrações Regionais, no final do
governo Paulo Maluf (1993-96).
O conselheiro do TCM Antonio
Carlos Caruso também se deu
bem nas eleições. Conseguiu a
reeleição de seu afilhado, o vereador Antônio Goulart, com 27.582
votos. Goulart também contou
com o apoio do deputado estadual Jorge Caruso, filho do conselheiro do TCM.
O deputado estadual Walter
Feldman (PSDB) é outro dos que
apoiaram vários candidatos. Ele
foi coordenador da campanha de
Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura. Conseguiu eleger um dos
seus candidatos: Gilberto Natalini
(PSDB), com 26.210 votos.
Os dois são médicos e estudaram na Escola Paulista de Medicina. Eles também participaram
juntos de um grupo que faz atendimentos médicos gratuitos na
região de Cangaíba (zona leste de
São Paulo).
O deputado federal Ricardo Izar
(PMDB) também viu sua vereadora reeleita. Miriam Athie
(PMDB) teve 26.543 votos.
Já o deputado estadual Gilberto
Nascimento (PMDB) conseguiu
eleger um de seus dois candidatos. Humberto Martins (PDT) teve 21.220 votos (leia texto abaixo).
O outro, Adilson Rossi (PTB), teve 20.772 votos e ficou como primeiro suplente de seu partido. Os
três são da comunidade evangélica cristã Paz e Vida.
Os deputados estaduais Alberto
Calvo (PSB) e Antonio Salim Curiati (PPB) reelegeram seus filhos,
Rubens Calvo (PSB) e Antonio
Salim Curiati Júnior (PPB).
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