|
Texto Anterior | Índice
COMPORTAMENTO
Para autores, falta de atenção e de imposição de limites aos filhos são alguns dos principais problemas
Livros ajudam pais a educar adolescentes
DA SUCURSAL DO RIO
Três novos livros que estão sendo lançados tentam ajudar os casais na educação dos filhos adolescentes. Um dos livros da nova
safra, do jornalista Luiz Lobo, autor de "Escola de Pais", leva o foco
dos problemas um pouco mais
para os pais e menos para os adolescentes.
Lobo está lançando pela editora
Papel Virtual "Onde Foi que Eu
Errei", em dois volumes que podem ser comprados pela internet,
por meio de download, ou em papel (www.papelvirtual.com.br).
"Essa geração de pais de adolescentes foi criada em uma época
em que seus pais tinham autoridade completa e não eram questionados. Não havia dúvidas sobre como educar os filhos. Essas
dúvidas começam a surgir quando os novos pais tentam um novo
modelo", diz o escritor.
A partir de entrevistas com
adultos e adolescentes, o escritor
conclui que os pais nem sempre
têm consciência de que não podem apenas exigir dos filhos que
eles sigam o modelo que lhes é ditado: "Os pais cobram dos filhos
amor, respeito e obediência, mas
se esquecem de que os filhos também demandam amor, respeito e
atenção".
A falta de atenção e de imposição de limites aos filhos ainda
quando crianças ou já como adolescentes é um problema citado
por outros autores que estão lançando livros sobre o tema, como
Içami Tiba ("Quem Ama, Educa") e Valentina Pigozzi ("Celebre
a Autonomia do Adolescente").
Tiba, autor do livro "Disciplina,
o Limite na Medida Certa", que
vendeu 300 mil cópias, está se preparando para lançar mais um livro de orientação aos pais.
De acordo com Tiba, o grande
número de livros que tentam ajudar os pais a educar os filhos é, em
parte, explicado pelo fato de os
pais, no intuito de não repetir o
modelo de educação que receberam, terem aberto demais a guarda na hora de impor limites.
"Eles deram diálogo e liberdade,
mas não impuseram limites. Os
pais estão vendo agora o quanto
abriram a guarda. A década de 90
foi de revisão do papel paterno,
por isso surgiram tantos livros",
diz Tiba.
Como resultado disso, o autor
afirma que a geração de jovens
cresceu com algumas frustrações:
"Os filhos acham que podem fazer qualquer coisa. Os pais confundiram criar filhos felizes com
dar alegria. O jovem se acostumou a ganhar, mas não desenvolveu uma propriedade de ser feliz.
Ele sofre pelo que não tem e não
sabe usufruir do que tem".
A falta de limites e regras estabelecidas pelos pais também é abordada por Valentina Pigozzi.
"Uma educação muito permissiva passa a idéia de que não existe
um cuidado. Além disso, é da natureza do jovem transgredir.
Quando a gente impõe regras
dentro de casa, é natural que ele
tente transgredi-las. Quando isso
acontece, não existem grandes
prejuízos quando administramos
essa briga dentro de casa", explica
Valentina.
Para a autora, o problema acontece quando não existem limites
em casa: "Quando não há o limite
dentro de casa, o jovem vai procurar transgredir na rua, onde a lei é
muito mais perversa e a sociedade
é muito menos condescendente
com os erros do que nossos parentes".
Além dos problemas com a disciplina, Valentina e Lobo apontam também a necessidade de
conversar a respeito da sexualidade e das drogas com os jovens.
"Com a Aids, cresceu a preocupação em cuidar da adolescência.
No que diz respeito à sexualidade,
a sociedade sempre foi permissiva
com essa época de transição",
afirma Valentina.
Para Lobo, a desinformação a
respeito do sexo é um dos problemas mais comuns nas relações
entre pais e filhos. "Isso ajuda a
explicar porque aumentou tanto
o número de adolescentes grávidas no Brasil", diz.
Os autores tentam fugir do rótulo da auto-ajuda. "Os livros de
auto-ajuda tendem a trazer fórmulas para educar os filhos como
se os adolescentes fossem iguais.
Uma das dificuldades de escrever
sobre adolescentes é que o jovem
do Rio, por exemplo, é diferente
do jovem paulista, do mineiro e
de outros", afirma Lobo.
Texto Anterior: Rio: Prisão onde estão Beira-Mar e Maluco tem dia de tumulto Índice
|