MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um dia após a Anistia Internacional divulgar um manifesto alertando que poderia haver um banho de sangue na favela Vigário Geral (zona norte do Rio), invadida por traficantes rivais, caso a polícia não agisse, a comunidade foi ocupada ontem por cerca de 120 policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) -tropa de elite- por ordem do governo do Estado.
O secretário de Segurança Pública em exercício, Marcelo Itagiba, que esteve em Vigário Geral, disse que a ocupação só acabará depois que todos os traficantes invasores forem presos.
Além de Vigário Geral, foram ocupadas também Parada de Lucas, Furquim Mendes e Dique.
Vigário Geral, que era dominada pelo CV (Comando Vermelho), foi invadida sábado por traficantes da vizinha Parada de Lucas, ligados ao rival TCP (Terceiro Comando Puro). A guerra já matou, pelo menos, três pessoas.
O policiamento na favela não diminuiu a sensação de medo e insegurança. Moradores expulsos no final de semana voltaram para buscar seus pertences e abandonaram definitivamente a favela.
Durante a ocupação, houve troca de tiros. Traficantes atiraram uma granada contra os policiais, ferindo um deles. Um suspeito foi baleado e outros sete foram presos. Sete granadas e dois fuzis, além de carregadores, munições e drogas, foram apreendidos.
Traficantes do TCP montaram barricadas na av. Brasil, que ficou fechada por 10 min, para impedir a ocupação, e estão oferecendo até R$ 5.000 ao morador que entregar fuzis e pistolas da quadrilha rival.
Vigário Geral tornou-se conhecida pela chacina de 21 pessoas em julho de 1993 por cerca de 50 encapuzados que queriam vingar a morte de quatro PMs.


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