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ANÁLISE
Enem gera pressão positiva no ensino
NAÉRCIO MENEZES FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Criado em 1998, o Enem visa
avaliar o aprendizado dos alunos ao final do ensino médio.
Nos seus primeiros anos de
existência, o MEC divulgava
somente as notas individuais.
Mais recentemente, as médias
dos alunos de cada escola passaram a ser divulgadas. A partir
delas, a imprensa elabora rankings de escolas, o que desperta
muito interesse na sociedade.
Esses rankings são importantes para os pais escolherem
melhor a escola dos filhos. Isso
gera pressão pela melhoria do
ensino nas escolas que não vão
bem, o que tende a melhorar o
nível do ensino como um todo.
Os resultados do Enem nos
permitem ainda comparar o
desempenho das escolas públicas e privadas, para que possamos conhecer a distância entre
elas e ajudar os gestores do sistema público a tomar suas decisões de políticas educacionais.
Obviamente, os pais têm que
levar em conta outros fatores.
Os resultados do Enem refletem tanto a qualidade do ensino na escola como a composição dos seus alunos. Escolas
que atraem as famílias mais ricas e escolarizadas podem continuar tendo um resultado positivo, mesmo que a qualidade
do seu ensino tenha caído.
Além disso, é preciso comparar
a mensalidade da escola com
sua média no Enem, pois muitas vezes os custos são elevados
face ao desempenho obtido.
Com os percalços na edição
deste ano, algumas universidades deixarão de usar o Enem
como critério de admissão. Será que isso vai diminuir o comparecimento dos alunos e, com
isso, alterar significativamente
os rankings das escolas? Não
acredito. Várias faculdades importantes e universidades federais continuarão a usar o exame
como critério. Além disso, as
boas escolas irão pressionar
seus alunos a comparecerem.
O furto das provas foi uma fatalidade, que ocorreu devido à
importância que o Enem ganhou a partir deste ano. Isso
afetará a credibilidade do exame no curto prazo, mas ela pode ser recuperada no futuro.
Divulgar as médias por escola é uma boa ideia, assim como
aumentar a escopo do exame e
usá-lo como substituto para os
vestibulares tradicionais. Essas
mudanças foram importantes
e, com as alterações na logística
do exame para torná-lo mais
seguro, deverão prevalecer.
NAÉRCIO MENEZES FILHO é doutor em economia pela Universidade de Londres, professor titular (cátedra IFB) e coordenador do Centro de
Políticas Públicas do Insper Instituto de Ensino e
Pesquisa e professor da FEA-USP.
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