São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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São Carlos se une contra a realização de festa universitária

Igreja, prefeitura, Câmara, comércio e até a USP ficam contra micaretas da Tusca; três morreram desde 2010

Estudantes admitem que evento se tornou sinônimo de bebedeira, mas dizem que festas são forma de integração

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Bebida, droga, música alta e depredações não são novidades na Tusca (Taça Universitária de São Carlos), mas as três mortes registradas desde 2010 colocaram a cidade contra os eventos.
Igreja Católica, prefeitura, Câmara, Acisc (associação comercial) e até a USP se posicionaram contra as festas promovidas no torneio. As duas mortes deste ano -um estudante e uma idosa- impulsionaram a mobilização.
O torneio reúne estudantes da UFSCar, da USP e de instituições convidadas em competições esportivas.
As festas têm atraído mais público que os jogos -e são elas que incomodam a cidade. A principal reclamação é contra o Corso, micareta que há 32 anos abre o torneio.
Neste ano, o evento chegou a reunir 8.000, segundo os organizadores, atrás de um trio elétrico e seis caminhões carregados com cervejas.
Foi um desses caminhões que atropelou e matou um jovem neste ano -outro estudante morreu no ano passado após cair em um córrego no trajeto da micareta.
A polícia apura as causas do acidente. Comprovada a falha, dois representantes das atléticas da USP e UFSCar serão indiciados sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar).
Estudantes admitem que a Tusca virou sinônimo de bebedeira. "Todos dizem: Tusca? Larga tudo e vamos beber", disse à Folha Daniel Cosmo Pizetta, 24, estudante de física computacional.
Por isso, as competições esportivas tornaram-se um "torneio de levantamento de copos". Até em finais há casos de times desfalcados por atletas embriagados.
Mas os estudantes defendem as festas, que funcionam como forma de integração.
A cidade, porém, se mobilizou: duas paróquias juntaram 9.000 assinaturas contra a realização das festas em 2012.
"Até que ponto as pessoas vão se divertir em detrimento da vida de outras?", diz Eder Zuccolotto, 34, neto de Rosa Buzzo Zuccolotto, 82, atropelada por um jovem com sinais de embriaguez após sair de uma das festas.
O prefeito Oswaldo Barba (PT) declarou que em 2012 não vai autorizar o Corso.



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