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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Sindicato de empresas da construção civil quer audiência com Serra e ameaça entrar na Justiça
Marta atrasa os pagamentos em 70 dias
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Só ontem, a Prefeitura de São
Paulo pagou R$ 2,4 milhões por
obras "medidas" -consideradas,
oficialmente, concluídas- 77
dias antes, em 23 de agosto. Extraídos do Sistema de Execução
Orçamentária (SEO), os números
endossam a queixa do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria
da Construção Civil): a gestão
Marta Suplicy (PT) tem atrasado
pagamentos em cerca de 70 dias.
O consórcio Pró-Saúde recebeu
ontem R$ 1,1 milhão por um crédito de 23 de agosto: a construção
de trecho do hospital Cidade Tiradentes. Na sexta, a prefeitura liberou R$ 1,2 milhão para pagamento autorizados desde 20 de agosto.
Como, pelos contratos, o reconhecimento da despesa [liquidação] ocorre cerca de um mês após
a realização, a prefeitura estaria
pagando em novembro por obras
executadas em julho. Alarmado, o
SindusCon se reunirá para discutir "saídas políticas e jurídicas".
Vice-presidente do SindusCon,
Luiz Antônio Messias diz que "o
atraso é generalizado", atingindo
as cerca de 80 associadas que
prestam serviço à prefeitura.
Segundo o sindicato, até o início
deste ano, os pagamentos eram
feitos 10 dias úteis após a medição
da obra. Lembrando que tiveram
de aceitar o deságio imposto por
Marta para receberem pelas obras
da gestão Pitta, Messias diz que foi
dado "alerta vermelho" no setor.
"Derrota na eleição, atraso de liquidação. Já vimos esse filme."
Segundo Messias, o atraso está
provocando paralisação.
Levantamento feito pelo vereador Ricardo Montoro (PSDB), a
pedido da Folha, mostra que a
prefeitura já vinha atrasando o
pagamento das empresas de
construção. Em setembro, por
exemplo, foram pagos R$ 2,7 milhões referentes a gastos reconhecidos no fim de junho.
No setor, a maior preocupação
não está apenas no adiamento do
pagamento de despesas reconhecidas, mas na morosidade para
que as obras sejam dadas como
concluídas.
As secretarias responsáveis pelas obras enviam ao Tesouro uma
autorização de pagamento. Só então o dinheiro é liberado. Segundo Messias, os empresários têm se
queixado da demora no processo
de liquidação. Sem ele, as empresas não vão receber futuramente,
nem no governo Serra.
Essa não é exclusividade do setor de construção. No dia 8 de outubro, uma empresa de limpeza
recebeu R$ 71 mil por serviços reconhecidos como prestados no
fim de julho. Semana passada, a
Folha registrou um corte de mais
de 50% no volume das despesas
de outubro, em comparação à
média mensal no ano.
Os serviços de varrição foram
reduzidos à metade por determinação da prefeitura. O ajuste
mostra um esforço da prefeitura
de adequar as contas públicas à
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Pela lei, um administrador só
poderá deixar dívidas para o ano
seguinte caso reserve dinheiro para cobri-las. Os compromissos só
são honrados quando reconhecidos. O SindusCon espera uma
reunião com Serra antes da posse.
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