São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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OUTRO LADO

Defesa questiona validade de escuta

DA REPORTAGEM LOCAL

A empresa Leão Leão informou, por sua assessoria jurídica, que não teve acesso às interceptações telefônicas realizadas pelo Ministério Público de Ribeirão Preto com autorização judicial. Por isso, não se manifestou sobre os trechos das gravações.
O advogado da Leão Leão, Edson Junji Torihara, diz que a empresa tenta ter acesso às gravações desde setembro, quando houve operações de busca e apreensão nos escritórios da empresa e na casa de Rogério Buratti.
Torihara disse que a Leão continua disposta a colaborar com as investigações oficiais. Ele afirmou que a empresa também tem "sérias dúvidas" sobre a legalidade de aspectos da apuração dos promotores. "Antes de discutir o teor [da investigação], quero discutir a validade dessas escutas."
Os executivos grampeados, Wilney Barquete e Marcelo Franzine, assim como Buratti, deixaram suas atividades na Leão até que a investigação do Ministério Público seja concluída. A decisão foi tomada logo que as primeiras notícias sobre as gravações foram publicadas pela imprensa.
O advogado Quirino Ferreira afirmou que manteve conversas com os executivos da Leão. "Eu queria entender como o processo estava acontecendo. Tenho atuado em defesa desse processo."
Quirino disse não se lembrar da menção que fez à Emparsanco, que estaria falando "em nome" de outras empresas. Mas afirmou que teve acesso a "conversas de bastidores" e que procurava checá-las com outros empresários relacionados à disputa.
A Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) informou, pela assessoria de imprensa, que realiza reuniões entre seus associados no final de cada mês. Diz que eles podem expor seus problemas, mas que a entidade não faz nenhum tipo de interferência nas concorrências públicas.
Em nota à Folha, a Abrelpe diz que o nome da associação foi citado "num contexto inespecífico, cujo sentido exato cabe unicamente aos citados interlocutores esclarecer". O comunicado diz que a entidade "representa os interesses setoriais de seus associados, sempre de forma clara, objetiva e transparente".
A Secretaria de Serviços e Obras e a Secretaria das Subprefeituras também foram procuradas, mas não quiseram se pronunciar. Não se sentem citadas pelas referências feitas à administração.
Jaci Mendes, procurador da Emparsanco (ligado ao grupo H.Guedes), negou ter negociado com a prefeitura em nome de outras empresas que disputavam a varrição, como sugere um dos diálogos gravados. O fato de não terem sido contratados tanto na licitação da coleta (no qual foram inabilitadas as empresas do consórcio da H.Guedes) como na da varrição (cuja concorrência foi revogada), para Mendes, é uma confirmação de que seu grupo não foi beneficiado.


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