São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Educadores divergem e chamam prêmio de "repulsivo" ou de "estímulo" ao aluno

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas divergem sobre a oferta de prêmio em dinheiro, mesmo que seja em abatimento na anuidade, para incentivar a adesão de alunos ao Enade.
"É um absurdo. O Enade virou uma moeda de troca. Isso é uma conseqüência do uso político que se faz das avaliações ao divulgar rankings que podem estar a serviço do mercado", avalia Isabel Franchi Cappelletti, professora do programa de pós-graduação em educação: currículo da PUC-SP.
Para Mario Sergio Cortella, também da PUC-SP, a iniciativa chega a "macular a ética".
"É a monetarização do Enade. É, no mínimo, antipedagógico. Dar descontos na mensalidade é saudável, mas vincular isso à presença do estudante no Enade causa um certo problema", avalia Cortella.
O diretor de Estatística e Avaliação da Educação Superior do Inep, Dilvo Ristoff, ressalta que "dar prêmio à dedicação e à busca de excelência não é e nunca foi proibido".
No entanto, para ele, "o que torna a idéia do pagamento aos estudantes repulsiva não é a premiação em si, mas a percepção de que se faz o que se faz agora porque se deixou de fazer, em termos organizacionais e pedagógicos, o que deveria ter sido feito muito antes."
Francisco Soares, coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da UFMG, diz que "todo processo de avaliação gera efeitos agradáveis e desagradáveis" e a premiação não pode ser avaliada somente pela ótica moral. "Os atores vão procurar a melhor maneira para se adaptar a isso. O problema está no Enade."
Na visão de Simon Schwartzman, diretor-presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, não há nenhum problema na premiação, pois funcionará como um estímulo ao estudante. "Ele fará a prova com base no que aprendeu. Só irá se empenhar mais". Segundo ele, "quando há a criação de qualquer tipo de exame, sempre haverá gente se preparando, como no vestibular". (FC)


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