São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

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Por um lugar ao sol

Frequentadores reclamam por ter de deixar os parques de São Paulo antes de o sol se pôr; nem todos os espaços públicos se adaptam ao horário de verão

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Mulher corre no parque Villa-Lobos durante o horário estendido

ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São 19h quando os guardas do parque Villa-Lobos, no Alto dos Pinheiros, zona oeste de São Paulo, começam a circular, avisando que o parque está sendo fechado. O empresário Gilson Araújo, 47, lamenta que já tenham que sair, em pleno horário de verão: "Se estendessem uma meia horinha a mais, daria para aproveitar melhor".
O Villa-Lobos é um dos parques da cidade que modificaram seu funcionamento por conta do horário de verão. Fechava às 18h, mas até o fim de fevereiro vai fechar às 19h. Os usuários, no entanto, gostariam de um tempo ainda maior de funcionamento. Nesse e em outros parques da cidade.
O tradutor Fábio Nogueira, 32, às 17h47 de quarta passada, sol brilhando, teve o passeio que fazia com a namorada e a filha dela pelo parque Trianon interrompido por um segurança que, com o auxílio de um apito, informava o fechamento do lugar. "Outra opção, só shopping, né?", lamentou Nogueira.
O Trianon faz parte de um grupo de 14 parques municipais que não alterou seu horário de funcionamento por causa do horário de verão.
Alguns deles, como o parque do Povo, o parque da Aclimação e o Ibirapuera, já fecham depois das 20h normalmente, horário em que o sol já baixou. Outros, como Luz e Trianon, continuam fechando às 18h, quando o dia ainda está claro, para desgosto dos usuários.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, responsável pela administração dos parques municipais, 12 outros parques alteraram seus horários, a maior parte deles na zona norte. A secretaria explica que as alterações de horários são definidas de acordo com "os hábitos e a demanda da população". De acordo com esse critério, Trianon e Luz, por exemplo, não fecham mais tarde porque são caracterizados como locais de passagem.
Ao redor do Trianon já fechado, porém, não é difícil encontrar quem lamente não poder curtir um pouco mais o parque, aproveitando os dias mais longos. "De dia está muito quente. Agora, seria perfeito", diz o músico americano Charles Dennard, 40, vizinho do parque. Por volta das 18h30, ele foi levar os pais para uma visita e teve que dar meia volta ao se deparar com o portão fechado.
De acordo com os seguranças do local, não é incomum que alguns frequentadores reclamem. Mas não é costume do parque estender o horário de fechamento. A Folha tentou ouvir a administração do parque, mas não conseguiu.

Adaptação
Entre os parques que alteraram o horário de funcionamento, o Buenos Aires não precisou aumentar o orçamento para que os portões passassem a ser fechados às 20h, em vez de às 19h. Para garantir o funcionamento até mais tarde, atendendo a um pedido dos frequentadores, a administração informou que apenas o banheiro continua fechando às 19h, para que os funcionários não tenham que fazer hora extra.
Os guardas do turno da noite, que normalmente chegam às 19h para tomar conta do parque vazio, se encarregam de fechar o portão principal às 20h.
O Villa-Lobos e o Jardim Botânico, na Água Funda, únicos parques estaduais na região metropolitana de São Paulo que alteraram horários, adotaram estratégias parecidas para estender o funcionamento.
Como o Estado não paga hora extra aos funcionários, um grupo passou a entrar uma hora mais tarde para compensar a hora a mais de trabalho.
No Villa-Lobos, a administração diz que a frequência aumentou, já que as pessoas saem do trabalho e vão aproveitar o céu claro para fazer exercícios.
Ainda assim, do lado de fora, quem só consegue chegar mais tarde continua defendendo que o parque poderia fechar às 20h, pelo menos. Segundo os gestores, isso não é possível porque o parque precisaria de iluminação, para evitar que os últimos a sair ficassem no escuro. A administração diz que a iluminação está prevista, mas não há prazo para sua instalação.


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