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Por um lugar ao sol
Frequentadores reclamam por ter de deixar os parques de São Paulo antes de o sol se pôr; nem todos os espaços públicos se adaptam ao horário de verão
Adriano Vizoni/Folha Imagem
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Mulher corre no parque Villa-Lobos durante o horário estendido
ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São 19h quando os guardas
do parque Villa-Lobos, no Alto
dos Pinheiros, zona oeste de
São Paulo, começam a circular,
avisando que o parque está sendo fechado. O empresário Gilson Araújo, 47, lamenta que já
tenham que sair, em pleno horário de verão: "Se estendessem
uma meia horinha a mais, daria
para aproveitar melhor".
O Villa-Lobos é um dos parques da cidade que modificaram seu funcionamento por
conta do horário de verão. Fechava às 18h, mas até o fim de
fevereiro vai fechar às 19h. Os
usuários, no entanto, gostariam de um tempo ainda maior
de funcionamento. Nesse e em
outros parques da cidade.
O tradutor Fábio Nogueira,
32, às 17h47 de quarta passada,
sol brilhando, teve o passeio
que fazia com a namorada e a filha dela pelo parque Trianon
interrompido por um segurança que, com o auxílio de um apito, informava o fechamento do
lugar. "Outra opção, só shopping, né?", lamentou Nogueira.
O Trianon faz parte de um
grupo de 14 parques municipais que não alterou seu horário de funcionamento por causa do horário de verão.
Alguns deles, como o parque
do Povo, o parque da Aclimação
e o Ibirapuera, já fecham depois das 20h normalmente, horário em que o sol já baixou.
Outros, como Luz e Trianon,
continuam fechando às 18h,
quando o dia ainda está claro,
para desgosto dos usuários.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, responsável pela administração
dos parques municipais, 12 outros parques alteraram seus
horários, a maior parte deles na
zona norte. A secretaria explica
que as alterações de horários
são definidas de acordo com
"os hábitos e a demanda da população". De acordo com esse
critério, Trianon e Luz, por
exemplo, não fecham mais tarde porque são caracterizados
como locais de passagem.
Ao redor do Trianon já fechado, porém, não é difícil encontrar quem lamente não poder
curtir um pouco mais o parque,
aproveitando os dias mais longos. "De dia está muito quente.
Agora, seria perfeito", diz o músico americano Charles Dennard, 40, vizinho do parque.
Por volta das 18h30, ele foi levar os pais para uma visita e teve que dar meia volta ao se deparar com o portão fechado.
De acordo com os seguranças
do local, não é incomum que alguns frequentadores reclamem. Mas não é costume do
parque estender o horário de
fechamento. A Folha tentou
ouvir a administração do parque, mas não conseguiu.
Adaptação
Entre os parques que alteraram o horário de funcionamento, o Buenos Aires não precisou
aumentar o orçamento para
que os portões passassem a ser
fechados às 20h, em vez de às
19h. Para garantir o funcionamento até mais tarde, atendendo a um pedido dos frequentadores, a administração informou que apenas o banheiro
continua fechando às 19h, para
que os funcionários não tenham que fazer hora extra.
Os guardas do turno da noite,
que normalmente chegam às
19h para tomar conta do parque vazio, se encarregam de fechar o portão principal às 20h.
O Villa-Lobos e o Jardim Botânico, na Água Funda, únicos
parques estaduais na região
metropolitana de São Paulo
que alteraram horários, adotaram estratégias parecidas para
estender o funcionamento.
Como o Estado não paga hora extra aos funcionários, um
grupo passou a entrar uma hora mais tarde para compensar a
hora a mais de trabalho.
No Villa-Lobos, a administração diz que a frequência aumentou, já que as pessoas saem
do trabalho e vão aproveitar o
céu claro para fazer exercícios.
Ainda assim, do lado de fora,
quem só consegue chegar mais
tarde continua defendendo que
o parque poderia fechar às 20h,
pelo menos. Segundo os gestores, isso não é possível porque o
parque precisaria de iluminação, para evitar que os últimos a
sair ficassem no escuro. A administração diz que a iluminação está prevista, mas não há
prazo para sua instalação.
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