MALU GASPAR
da Reportagem Local

A partir do próximo mês, alunos dos últimos anos do ensino médio das escolas estaduais de São Paulo vão passar a discutir com advogados, dentro das escolas, assuntos como drogas, aborto, legislação trabalhista, concubinato e até separação.
Os assuntos, escolhidos pelos estudantes, estão numa cartilha produzida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, que será distribuída gratuitamente às escolas do Estado.
A entidade pretende atingir pelo menos 400 mil estudantes. Além de receber as cartilhas, os alunos, principalmente os de cursos noturnos, também terão orientações dos advogados.
"O objetivo principal é mostrar aos alunos que estão indo para o mercado seus direitos e deveres como cidadão", diz o coordenador do projeto "OAB na Escola", Nelson Alexandre da Silva Filho, da OAB de Osasco, que coordena o projeto. Durante dois anos, a OAB desenvolveu com escolas públicas da cidade o projeto piloto.
A elaboração da cartilha foi feita a partir de uma pesquisa realizada pela entidade com 50 escolas de Osasco (Grande São Paulo). Os alunos responderam um questionário indicando assuntos sobre os quais tinham mais dúvidas.
Na maioria das escolas, drogas, aborto, legislação trabalhista e a questão do adolescente infrator foram os assuntos mais votados.
Os temas, segundo Silva Filho, correspondem às necessidades dos estudantes. "Nas escolas onde há muitos alunos que trabalham, conhecer a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) é a principal necessidade." A grande variação de idade entre os alunos do curso noturno pode ter feito com que eles escolhessem temas como separação e concubinato. Os temas de grande votação podem ter sido influenciados pela mídia.
O projeto prevê também a concessão de um prêmio em dinheiro para os três melhores trabalhos de estudantes para o desenvolvimento da cidadania na comunidade.