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"Pularam porque são inocentes", diz irmão de vítima
DO "AGORA"
Flávio Augusto Nascimento
Cordeiro, 16 anos, e Cleyton da
Silva Leite, 20, são amigos de infância e vizinhos no bairro Brás
Cubas, em Mogi das Cruzes
(Grande SP), exatamente onde a
tragédia de domingo aconteceu.
Nos finais de semana, sempre
saíam juntos para jogar boliche
com os amigos.
Flávio -que perdeu o braço direito- está no 2º ano do ensino
médio e adora tocar guitarra, segundo o irmão dele, Márcio, 28
anos. Nenhum dos dois é punk,
de acordo com os relatos de familiares. "Eles gostam de rock, por
isso usam roupas das bandas. Pularam porque são inocentes, não
sabem brigar e odeiam discutir.
Devem ter achado que só assim
escapariam desses assassinos",
desabafou Márcio.
Na casa de Leite, o mesmo clima
de revolta. A mãe do rapaz, a dona-de-casa Olivina Leite, 59 anos,
descreve o filho como "alegre e
trabalhador".
Repositor de mercadorias de
um supermercado da região, Leite costuma ajudar a pagar as despesas da casa. "No dia do pagamento, ele traz o salário inteiro e
entrega para mim. Depois, pede
uma pizza", disse a mãe, chorando muito.
Leite está noivo há três meses e
planeja se casar no próximo ano.
"Ele nunca foi punk. Quer ser enfermeiro e só gosta de se vestir de
um jeito diferente quando sai
com os amigos."
O pedreiro Aurino da Silva Leite, 54 anos, pai do repositor, diz
que transformará em objetivo de
vida a identificação e a punição
dos agressores. A noiva de Leite,
testemunha da abordagem, está
assustada. "Não consigo esquecer
a imagem daqueles monstros."
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