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TRÂNSITO
Área de Transportes da gestão Serra diz que regularização de ponto clandestino, defendida pela Habitação, afetará o tráfego
Terminal de ônibus ilegal opõe secretarias
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A regularização de um terminal
clandestino que funcionava no
centro de São Paulo para a partida
de ônibus rodoviários da viação
Andorinha, ligada ao grupo
Constantino, dono da companhia
aérea Gol, provocou uma divisão
no governo José Serra (PSDB).
Um parecer da Secretaria dos
Transportes da gestão tucana avalia que a liberação de seu funcionamento, defendida pela Secretaria da Habitação, abrirá um precedente para que "uma fila interminável" de minirrodoviárias
operem na capital paulista, agravando os impactos no trânsito e a
deterioração das vias da cidade.
A pasta considera que, na prática, a legalização do ponto vai permitir que dezenas de terminais
clandestinos -25 foram fechados só em 2005, de um total estimado em mais de 60- busquem
uma autorização semelhante, pulverizando a partida dos ônibus.
As viagens regulares estão hoje
concentradas nas rodoviárias
Barra Funda, Tietê e Jabaquara.
A posição manifestada oficialmente ontem pela Secretaria dos
Transportes se contrapõe à defesa
da liberação do terminal da Andorinha feita por uma comissão
da pasta habitacional, controlada
pelo PFL, partido do vice-prefeito
Gilberto Kassab. Essa comissão
avalia que a regularização deve ser
aprovada por não ferir a lei de uso
e ocupação do solo.
O terminal que era usado por
ônibus ligados ao grupo Constantino, um dos grandes empresários
do setor no país, está localizado
na rua Guaianazes, 861, em Campos Elíseos, na região central.
Ele foi fechado há seis meses pela Subprefeitura da Sé por falta de
licença, assim com outras 24 minirodoviárias irregulares, de onde
partiam e chegavam ônibus sem
as devidas autorizações oficiais.
Mas os proprietários do terreno
e a empresa de ônibus passaram a
tentar a sua legalização, alegando
não haver proibição de zoneamento na área onde ele está.
Os veículos da viação Andorinha operam em linhas regulares,
autorizadas pelo Estado, mas deveriam usar a rodoviária da Barra
Funda, segundo a Secretaria dos
Transportes. A empresa defende
que alguns ônibus possam ter sua
base no terminal que foi fechado
para atender a passageiros do interior ou de fora do Estado que
vêm à capital paulista para fazer
compras no centro paulistano.
O embate entre representantes
das duas secretarias foi sentido
ontem numa reunião tensa da
CTLU (câmara intersecretarial
que avalia questões urbanísticas),
responsável por aprovar a sua regularização, mas que adiou a decisão para consultar outros órgãos. O encontro, que é público,
foi acompanhado pela Folha.
A reportagem apurou que as divergências chegaram inclusive
aos titulares das pastas.
Argumentos
Hussain Aref Saab, diretor do
Departamento de Aprovação de
Edificações da Secretaria da Habitação, alegou que a aprovação se
refere a um terminal específico,
de pequenas proporções (menos
de dez partidas diárias) e que, sozinho, não causa transtornos.
Para Saab, a autorização, em
acordo com a lei de uso e ocupação do solo, não se estenderia necessariamente às demais minirodoviárias existentes na cidade de
São Paulo. Segundo ele, cada caso
deve passar por análise separada.
Ele chegou a citar que se tratava
de "uma empresa conceitualmente importante" e que a regularização da minirrodoviária pela prefeitura não isentaria a viação Andorinha de cumprir outras determinações dos órgãos públicos.
O parecer da Secretaria dos
Transportes, chefiada por Frederico Bussinger, considera um
equívoco a aprovação apenas pelo
critério da lei de zoneamento por
trazer "implicações que superam"
essa questão e "interferem nos
serviços regulares" de transporte.
A pasta diz que a liberação atende a "interesses isolados de um específico operador privado" e se
"sobrepõe às crescentes demandas do setor", além de "prejudicar
os esforços empreendidos pelo
poder público" nos últimos anos
para "oferecer um transporte regulamentado e de qualidade".
Além do risco de ruído, sujeira,
ocupação de calçadas pelos passageiros, a pulverização dos terminais de ônibus rodoviários é atacada pelo parecer da Secretaria
dos Transportes sob a alegação de
tornar "quase impossível" a fiscalização do serviço pelos organismos governamentais do setor.
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