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Estudo acha hormônio sexual em água
Pesquisa da Unicamp sobre a qualidade da água para consumo na região de Campinas também encontrou resíduos industriais
Algumas dessas substâncias podem interferir na saúde humana ao alterar
o funcionamento de glândulas do corpo
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Estudo da Unicamp sobre a
qualidade da água para consumo e de rios da região metropolitana de Campinas (95 km de
SP) -onde vivem cerca de 2,5
milhões de pessoas- revela a
presença de hormônios sexuais
e de compostos derivados de
produtos farmacêuticos e industriais.
Algumas dessas substâncias
podem interferir na saúde humana ao alterar o funcionamento de glândulas do corpo.
No entanto, não há estudos que
indiquem quais problemas podem ser causados pela ingestão
crônica dessas substâncias.
A pesquisa coletou, durante
quatro anos, amostras de água
bruta e potável na bacia do rio
Atibaia, o principal manancial
da região, que abastece cerca de
92% de Campinas.
O monitoramento de substâncias na água foi feito para 21
compostos: seis hormônios sexuais, quatro esteróides derivados do colesterol, cinco produtos farmacêuticos e seis produtos industriais.
Na água potável, foram identificadas desde progesterona
(hormônio sexual feminino)
até cafeína, bem como colesterol e os hormônios estradiol e
etinilestradiol, além de compostos usados em remédios e
na indústria. Os fármacos
(substâncias químicas usadas
como remédios) detectados na
água são muito utilizados como
analgésicos, antiinflamatórios
e antitérmicos. As concentrações de fármacos na água bruta
do rio foram maiores do que na
água potável.
Os compostos identificados
não deveriam estar presentes
na água consumida pela população. Contudo, não há legislação que fixe níveis toleráveis
para essas substâncias. Algumas, como a cafeína, foram encontradas em concentração até
mil vezes maior do que em países europeus.
A média de hormônios femininos encontrados na água potável de Campinas é de um micrograma por litro. Portanto,
ao beber dois litros de água por
dia, uma pessoa pode ingerir 60
microgramas por litro dessas
substâncias por mês.
"Não há dados conclusivos
sobre quais danos ao homem
são causados por exposição
crônica a esses compostos. Mas
eles não deveriam estar presentes na água potável. O resultado
do estudo é bastante preocupante", disse o professor Wilson de Figueiredo Jardim.
Tanto os hormônios como os
fármacos são excretados pela
urina ou fezes, chegando aos
rios pelo esgoto.
Segundo a autora da pesquisa, Gislaine Ghiselli, alguns estudos semelhantes foram feitos
nos EUA usando água bruta de
rios. Para o hormônio progesterona, por exemplo, foi identificada uma média de 0,11 microgramas por litro. No rio Atibaia, a média foi de 1 micrograma por litro na água potável.
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