São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comerciante achou 3 das 13 vítimas no parque

O último baleado achado por ele foi Miguel de Oliveira Filho, em agosto

Freqüentador assíduo do local, primeiro ele foi investigado como suspeito e depois passou a auxiliar o trabalho dos investigadores

DA REPORTAGEM LOCAL

Freqüentador assíduo do parque dos Paturis, em Carapicuíba, "daqueles que batem cartão nas madrugadas", como ele mesmo diz, sorrindo, o comerciante Leonardo (a Folha usa nome fictício para não colocar a testemunha em risco) tem posição de destaque na investigação para prender o assassino chamado de "maníaco do arco-íris".
Das 13 vítimas assassinadas no local entre 4 de julho de 2007 e 19 de agosto deste ano, três tiveram seus corpos encontrados por Leonardo.
"A gente sabe do perigo, mas não tem jeito. O Paturis é o nosso local de encontro e ninguém vai deixar de ir lá namorar por causa desse louco", diz. "Quem vai lá à noite sabe muito bem o que quer encontrar. Vem gente de todo lugar. Dos ricos de Alphaville, Granja Viana e Alto da Serra até gente pobre, de Osasco e Carapicuíba."
Por ter localizado alguns dos corpos, Leonardo passou a ser investigado como suspeito pelos crimes atribuídos ao "maníaco do arco-íris".
Isso ocorreu depois de encontrar o terceiro corpo no Paturis, em agosto deste ano. A polícia o investigou e fez exame residuográfico nele. O resultado, porém, foi negativo.
"À caça de uma aventura" na noite de 2 de agosto deste ano, conta Leonardo, ele encontrou um homem pardo, com cerca de 1,65 metro, e tentou puxar conversa. A paquera não progrediu porque a reação foi hostil e Leonardo se afastou.
Minutos depois, Leonardo ouviu cinco tiros. Voltou ao local onde havia tentado conversar com o homem, na parte mais escura do parque e onde há muitas árvores, e achou Miguel Gonçalves de Oliveira Filho, 47, baleado.
A vítima era funcionária da Prefeitura de São Paulo e trabalhava na Subprefeitura de Pinheiros (zona oeste). "Saí correndo e chamei a polícia."

Retrato falado
Um retrato falado foi produzido a partir das informações que Leonardo apresentou aos policiais. Como a polícia ainda busca mais elementos que possam confirmar se esse homem matou Oliveira Filho, o retrato falado não foi divulgado.
Como a polícia não encontrou nada contra o comerciante, ele passou a ajudar nas investigações. Por conta da rede de amigos que mantém no parque dos Paturis, os investigadores passaram a contar com Leonardo para receber informações da comunidade gay que freqüenta o lugar.
Leonardo gosta de mostrar que a agenda de seu telefone celular está dividida entre seus contatos profissionais, freqüentadores do parque dos Paturis e telefones de policiais que caçam o serial killer.
"Como estou lá o tempo todo, os policiais pediram para avisá-los sobre qualquer confusão ou tiros", diz. "A gente tem certeza de que ele vai matar mais."
(AC e RP)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Investigação ágil é crucial, afirma delegado em livro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.