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DIPLOMACIA
O cônsul americano Peter Kaestner diz que brasileiros estão entre os campeões em falsificação de documentos nos EUA
Brasil é fonte de imigrante ilegal, diz cônsul
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os brasileiros estão entre os
campeões em falsificação de documentos e em prisões de imigrantes que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos pela
fronteira do México, afirma o
cônsul norte-americano em Brasília, Peter Kaestner.
"O Brasil é um país que está entre as maiores fontes de imigrantes ilegais dos Estados Unidos",
disse o cônsul, em entrevista à Folha, na tarde de ontem. Ele chamou de "humilhante" o processo
de identificação de norte-americanos nos aeroportos brasileiros.
De outubro de 2002 a setembro
de 2003, as autoridades norte-americanas prenderam mais de
5.000 brasileiros que tentavam
entrar ilegalmente pelo México.
Apenas o próprio México, que faz
fronteira com os EUA, Honduras,
El Salvador e Guatemala superaram o Brasil em cidadãos presos
na fronteira sudoeste norte-americana, afirma Kaestner.
"Os nacionais de El Salvador e
da Guatemala podem pegar um
ônibus para chegar à fronteira; no
caso do Brasil, é bem diferente."
No quesito falsificação de documentos, o Brasil também se sobressai. "Infelizmente, os brasileiros são muito bons", ironiza
Kaestner, ao comentar a capacidade de brasileiros de produzir
documentos falsos.
Estatísticas do posto de imigração do aeroporto internacional de
Nova York revelam que, em outubro de 2003, os brasileiros ficaram
em segundo lugar no ranking de
apresentação de documento falsos, atrás apenas da Colômbia.
Kaestner também afirma que as
autoridades do seu país encontraram a primeira falsificação do novo visto norte-americano nas
mãos de um brasileiro. O novo
visto, o "Licoln Visa", foi adotado
em julho do ano passado. "O visto
tem tantos mecanismos de segurança que não é possível contá-los", diz o diplomata, que está há
um ano e meio no Brasil.
Humilhação
Em diversos momentos da entrevista, o cônsul enfatizou que o
recém-adotado procedimento de
recolher digitais e fotografar visitantes nos postos de imigração
dos EUA (o US-Visit) não tem nenhuma relação direta com o problema da entrada ilegal de brasileiros nos Estados Unidos.
"Não se pode tirar a conclusão
de que por isso [pelo problema de
imigração] o Brasil está sendo tratado de forma diferente. O programa US-Visit não é voltado para um país, vale para todos."
O novo procedimento de entrada nos EUA isenta da identificação cidadãos de 27 países que não
precisam de visto para visitar o
país por períodos inferiores a 90
dias. O cônsul diz que os cidadãos
desses países também são obrigados a passar pela identificação, caso precisem de vistos de estudantes ou queiram ficar mais de 90
dias. Na opinião dele, o programa
norte-americano, ao contrário do
brasileiro, não é discriminatório.
Desde o início do ano, os americanos que chegam ao Brasil são
fotografados e têm suas impressões digitais recolhidas. Segundo
Kaestner, o tratamento aos cidadãos do seu país não respeita o
princípio da reciprocidade que o
Brasil usa para justificar a medida.
A reclamação do governo dos
EUA não é em relação à identificação propriamente dita, mas ao
método que está sendo usado.
Kaestner reclamou do fato de
existir um fila específica para os
norte-americanos nos aeroportos
e da demora do processo. Segundo ele, nos EUA, os brasileiros e os
demais cidadãos do mundo ficam
na mesma fila.
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