São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

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Quadrilha mantém 50 reféns por 3h em assalto a supermercado

JOÃO PEQUENO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um grupo de cerca de 20 homens assaltou na manhã de ontem um supermercado da rede Makro, em Bonsucesso (zona norte do Rio de Janeiro). Durante três horas (das 6h às 9h), os assaltantes fizeram 50 reféns entre clientes e funcionários
Eles levaram principalmente eletrodomésticos, cigarros e bebidas, transportados em dois caminhões. Até o fechamento desta edição, a direção do supermercado ainda não havia contabilizado os prejuízos.
O assalto começou quando o comerciante Sérgio Velloso Rodrigues, 55, chegou ao Makro pouco depois das 7h30 -horário de abertura aos domingos- e foi rendido por dois homens.
"Eles mandaram o recepcionista ficar na entrada, para não levantar suspeitas", conta. Uma hora e meia antes, ao iniciar o assalto, o grupo mandou um vigilante desligar o alarme.
Quem chegava ao supermercado era obrigado a deixar os telefones celulares e as chaves de seus automóveis com os assaltantes, que levavam os reféns para um depósito e, em seguida, para uma sala da administração.
Alguns deles foram amarrados com fitas adesivas, mas, segundo algumas testemunhas, os assaltantes estavam tranqüilos e não agiram de forma violenta -chegaram a dar água e até sorvete a clientes e funcionários.

Polícia
Segundo testemunhas, apesar de ter sido avisada às 7h20, a polícia chegou ao supermercado somente às 9h30, meia hora após os assaltantes fugirem.
"Um funcionário chegou para trabalhar, notou que havia algo estranho e não entrou no supermercado. Ele ligou para o 190 [telefone de emergência da polícia] no mesmo momento, mas a PM só chegou lá duas horas e dez minutos depois. Eu vi a ligação registrada no celular dele depois", afirma Rodrigues.
O tenente-coronel Mário Sérgio Duarte, comandante do 22º Batalhão (Maré), afirma que as ligações recebidas pelo número 190 são distribuídas pelo centro de operações da PM. Os policiais que estiveram no supermercado disseram que foram chamados pelo rádio às 9h15.
Os ladrões fugiram nos dois caminhões em que haviam chegado ao Makro e em dois automóveis, uma Kombi e um Vectra, roubados de clientes. Os reféns deixaram a sala após ouvir o barulho dos motores e concluir que os assaltantes tinham fugido.
O comerciante Leandro Nunes, 38, que teve seu carro roubado, disse que, além do meio de transporte, perdeu seu instrumento de trabalho. "Tive que trabalhar muito pra comprar a Kombi e a usava para carregar mercadorias. Hoje, não tenho dinheiro nem para um fusquinha."


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