São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Maria Steiner, a vida e o quebra-cabeça

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mundo, para a pesquisadora Maria Helena Figueiredo Steiner, era como um gráfico Rorschach -emaranhado de imagens usado na psicologia para revelar a personalidade. A sua, as imagens diriam, era a de uma mente inquieta e curiosa incurável.
A filha de portugueses nasceu em Angola, quando a mãe visitava o país com o marido, missionário presbiteriano. Logo vieram para o Brasil, onde virou professora normal. Dava aulas e estudava -fez ciências sociais, pedagogia e psicologia.
Foi então dar aulas na USP e ser encarregada de educação infantil do prefeito Faria Lima, na São Paulo de 1965. Foi ainda secretária da educação de Santo André, mas decidiu dedicar-se ao consultório que tinha aberto.
Fez doutorado e alcançou a livre docência na USP, com uma interpretação da infância na obra do escritor Graciliano Ramos. E foi uma das fundadoras da Sociedade Rorschach de São Paulo, pioneira no uso do método de avaliação de personalidade.
A paixão por crianças rendeu o livro "Quando a criança não tem vez", de 1986 -e três filhos, cinco netos e cinco bisnetos.
"Sempre intelectual ", quebrava a cabeça até nos momentos de lazer -quando se debruçava, mesmo aos 82 anos, sobre a mesa do escritório, para montar quebra-cabeças de até 3.000 peças. Chegava a acordar à noite com insights para as peças.
Ela morreu no dia 2, de falência múltipla dos órgãos.


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