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Cresce o número de paulistanos que curtem praias em barcos
Lanchas e veleiros são as opções para aproveitar o verão sem enfrentar o caos da areia; registro de embarcações no litoral norte de SP subiu 26,5% em 4 anos
LETICIA DE CASTRO
DA REVISTA DA FOLHA
Para fugir de praias lotadas e
do trânsito, um número cada
vez maior de paulistanos tem
trocado as areias, por vezes sujas, do litoral por aventuras no
mar. A bordo de lanchas, veleiros ou iates, eles exploram ilhas
e recantos inacessíveis por outro meio de transporte.
"Depois do barco, não consigo mais pegar praia cheia, disputar espaço com barracas e
guarda-sóis", diz o empresário
Pedro Costa, 53. Há dois anos,
ele comprou uma lancha, a Pira
Boat, uma Focker 255, de 25,5
pés, com capacidade para abrigar até nove pessoas.
As estatísticas comprovam o
crescimento do interesse por
barcos no Estado. Segundo a
delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião, nos últimos quatro anos, o número de
registros de embarcações no litoral norte subiu 26,5%. São
2.789 novos barcos na região.
Outros indicadores desse
boom são apontados pela Capitania dos Portos de São Paulo: o
aumento de 60% no número de
habilitações para condutores
amadores e 102 marinas em
funcionamento, 15% a mais em
relação a 2006.
Para embarcar nessa onda,
Pedro vai a Ubatuba, onde também tem casa, pelo menos a cada 15 dias. Reúne os amigos para explorar a região navegando.
"Olhar a praia pelo mar e não
pela areia é muito diferente. É a
coisa mais legal de ter a lancha", diz o empresário.
Para facilitar a aventura, a família toda tirou a habilitação de
navegador: o arrais amador,
que permite navegar por águas
abrigadas, próximas à costa,
baías e canais. O curso, teórico,
tem duração de um dia e ensina
as manobras básicas de um barco a motor, as partes da embarcação, como utilizar a âncora,
primeiros socorros e noções
básicas de sobrevivência no
mar. Além da legislação nacional e internacional de tráfego
aquático.
Opções
Preferida dos brasileiros (representam 84% do barcos vendidos), a lancha domina o litoral paulistano. Se os lancheiros
evitam trânsito para se locomover pela estrada entre uma
praia e outra, não se safam de
uma média de meia hora de espera na chegada e saída das marinas nos fins de semana mais
ensolarados de janeiro.
Mas o veleiro também atrai
um público fiel e ainda mais
aventureiro. Como o engenheiro Guillermo Gollmann, 34,
que tem um há nove anos. "A
vela é mais que um esporte ou
um hobby. É um estilo de vida."
Para ele, gostar de natureza,
do silêncio e ser bastante tranquilo são componentes fundamentais desse estilo de vida. "A
gente depende muito mais do
vento, da correnteza e das condições climáticas", diz. Por isso,
o veleiro exige do comandante
mais prudência e atenção na
observação da previsão do tempo. É o tipo de navegação mais
mais vulnerável a eventuais erros.
Limpeza geral
O aparente glamour da atividade esconde uma manutenção
trabalhosa. Apesar de ter um
marinheiro contratado para
cuidar do barco -que limpa o
motor após cada passeio, abre a
cabine da embarcação diariamente e lava o barco com água e
xampu especial toda semana-
Guillermo e sua mulher, Monica Yamamoto, também colocam a mão na massa.
A cada dois meses, dedicam
um fim de semana para tirar
cracas do barco. "A gente mergulha com uma faca e raspa as
sujeiras do casco", diz Monica,
que dificilmente acompanha o
marido nos passeios. "O balanço do mar me dá enjoo."
Ex-lancheiro, o empresário e
autoentitulado aventureiro
paulistano Sílvio Ramos, 61,
aderiu à vela para sua mais nova empreitada: dar a volta ao
mundo. No início de 2009, ele
saiu de Natal (RN) em direção a
Tobago, primeiro trecho da travessia. Os relatos da primeira
fase da viagem, que terminou
em dezembro, na Nova Zelândia, podem ser conferidos no
blog matajusi.blogspot.com.
Até o fim de março, época de
furacões e ciclones no Pacífico,
ele estará em São Paulo e pretende aproveitar para visitar
suas praias favoritas. Lá, vai encontrar uma turma que percorre todo o litoral ao sabor do
vento ou impulsionada por
motores, mais ou menos potentes, e não para de crescer.
Colaborou FERNANDO CASSARO
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