São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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Cresce o número de paulistanos que curtem praias em barcos

Lanchas e veleiros são as opções para aproveitar o verão sem enfrentar o caos da areia; registro de embarcações no litoral norte de SP subiu 26,5% em 4 anos

LETICIA DE CASTRO
DA REVISTA DA FOLHA

Para fugir de praias lotadas e do trânsito, um número cada vez maior de paulistanos tem trocado as areias, por vezes sujas, do litoral por aventuras no mar. A bordo de lanchas, veleiros ou iates, eles exploram ilhas e recantos inacessíveis por outro meio de transporte. "Depois do barco, não consigo mais pegar praia cheia, disputar espaço com barracas e guarda-sóis", diz o empresário Pedro Costa, 53. Há dois anos, ele comprou uma lancha, a Pira Boat, uma Focker 255, de 25,5 pés, com capacidade para abrigar até nove pessoas.
As estatísticas comprovam o crescimento do interesse por barcos no Estado. Segundo a delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião, nos últimos quatro anos, o número de registros de embarcações no litoral norte subiu 26,5%. São 2.789 novos barcos na região.
Outros indicadores desse boom são apontados pela Capitania dos Portos de São Paulo: o aumento de 60% no número de habilitações para condutores amadores e 102 marinas em funcionamento, 15% a mais em relação a 2006.
Para embarcar nessa onda, Pedro vai a Ubatuba, onde também tem casa, pelo menos a cada 15 dias. Reúne os amigos para explorar a região navegando. "Olhar a praia pelo mar e não pela areia é muito diferente. É a coisa mais legal de ter a lancha", diz o empresário. Para facilitar a aventura, a família toda tirou a habilitação de navegador: o arrais amador, que permite navegar por águas abrigadas, próximas à costa, baías e canais. O curso, teórico, tem duração de um dia e ensina as manobras básicas de um barco a motor, as partes da embarcação, como utilizar a âncora, primeiros socorros e noções básicas de sobrevivência no mar. Além da legislação nacional e internacional de tráfego aquático.

Opções
Preferida dos brasileiros (representam 84% do barcos vendidos), a lancha domina o litoral paulistano. Se os lancheiros evitam trânsito para se locomover pela estrada entre uma praia e outra, não se safam de uma média de meia hora de espera na chegada e saída das marinas nos fins de semana mais ensolarados de janeiro. Mas o veleiro também atrai um público fiel e ainda mais aventureiro. Como o engenheiro Guillermo Gollmann, 34, que tem um há nove anos. "A vela é mais que um esporte ou um hobby. É um estilo de vida."
Para ele, gostar de natureza, do silêncio e ser bastante tranquilo são componentes fundamentais desse estilo de vida. "A gente depende muito mais do vento, da correnteza e das condições climáticas", diz. Por isso, o veleiro exige do comandante mais prudência e atenção na observação da previsão do tempo. É o tipo de navegação mais mais vulnerável a eventuais erros.

Limpeza geral
O aparente glamour da atividade esconde uma manutenção trabalhosa. Apesar de ter um marinheiro contratado para cuidar do barco -que limpa o motor após cada passeio, abre a cabine da embarcação diariamente e lava o barco com água e xampu especial toda semana- Guillermo e sua mulher, Monica Yamamoto, também colocam a mão na massa.
A cada dois meses, dedicam um fim de semana para tirar cracas do barco. "A gente mergulha com uma faca e raspa as sujeiras do casco", diz Monica, que dificilmente acompanha o marido nos passeios. "O balanço do mar me dá enjoo."
Ex-lancheiro, o empresário e autoentitulado aventureiro paulistano Sílvio Ramos, 61, aderiu à vela para sua mais nova empreitada: dar a volta ao mundo. No início de 2009, ele saiu de Natal (RN) em direção a Tobago, primeiro trecho da travessia. Os relatos da primeira fase da viagem, que terminou em dezembro, na Nova Zelândia, podem ser conferidos no blog matajusi.blogspot.com.
Até o fim de março, época de furacões e ciclones no Pacífico, ele estará em São Paulo e pretende aproveitar para visitar suas praias favoritas. Lá, vai encontrar uma turma que percorre todo o litoral ao sabor do vento ou impulsionada por motores, mais ou menos potentes, e não para de crescer.


Colaborou FERNANDO CASSARO


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