São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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ESTADOS UNIDOS
Engenheiro é acusado de manter a empregada como escrava
Brasileiro é julgado por maus-tratos

MARCIO AITH
de Washington

O engenheiro brasileiro Renê Bonnetti fez ontem sua última tentativa de escapar de uma condenação criminal de até 20 anos pela acusação de ter mantido sua empregada doméstica como escrava nos Estados Unidos.
Bonnetti levou sua sogra ao tribunal, na corte de Greenbelt, nos arredores de Washington, para acusar a doméstica Hilda Rosa dos Santos,65, de tê-lo denunciado como vingança por não ter conseguido seduzir o patrão.
Num depoimento que provocou risos na platéia, a sogra de Bonnetti, Maria de Lourdes Vicente de Azevedo, 85, afirmou que Hilda nasceu em um bordel, que não era empregada, mas vivia de favor na casa dos Bonnetti.
A sogra de Bonnetti disse ainda que Hilda mantinha hábitos estranhos, como dançar em frente ao espelho, em cima da cama da patroa.
Questionada pela acusação se iria dizer que Hilda tentava seduzir Renê Bonnetti, ela afirmou: "Prostitutas gostam de seduzir os homens".
Maria de Lourdes é mãe da mulher do engenheiro, Margarida Bonnetti, que atualmente está foragida e também é ré em processo que a acusa de ter mantido Hilda como escrava.
Ontem, defesa e acusação apresentaram seus argumentos finais. Até 19h10, os jurados não haviam retornado com a decisão.
Renê e Margarida levaram Hilda como empregada doméstica aos EUA em 1979.
O processo criminal contra os Bonnetti começou por iniciativa do FBI, alertado por uma instituição religiosa que denunciou os Bonnetti por manter Hilda sem salário durante 20 anos e tê-la agredido fisicamente.
No final de 1998, Hilda processou os Bonnetti pedindo uma indenização de US$ 1 milhão por salários não pagos e danos morais por maus-tratos e pelas condições desumanas.
Existe uma ordem de prisão contra Margarida Bonnetti.
Depois da apresentação dos argumentos finais, o engenheiro Renê Bonnetti telefonou para familiares e disse que estava esperançoso com o resultado.
A acusação informou que todos os seus argumentos, principalmente os que acusam os Bonnetti de ter negligenciado tratamento médico a Hilda, não foram contestados pela defesa e que a condenação seria inevitável.
Embora negue que tenha mantido Hilda como escrava, Bonnetti confessou ter mentido ao Serviço de Imigração dos Estados Unidos em 1979, quando informou que Hilda entrou no país como empregada doméstica. Bonnetti afirmou ter trazido Hilda "por questões humanitárias".


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