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ESTADOS UNIDOS
Engenheiro é acusado de manter a empregada como escrava
Brasileiro é julgado por maus-tratos
MARCIO AITH
de Washington
O engenheiro brasileiro Renê
Bonnetti fez ontem sua última
tentativa de escapar de uma condenação criminal de até 20 anos
pela acusação de ter mantido sua
empregada doméstica como escrava nos Estados Unidos.
Bonnetti levou sua sogra ao tribunal, na corte de Greenbelt, nos
arredores de Washington, para
acusar a doméstica Hilda Rosa
dos Santos,65, de tê-lo denunciado como vingança por não ter
conseguido seduzir o patrão.
Num depoimento que provocou risos na platéia, a sogra de
Bonnetti, Maria de Lourdes Vicente de Azevedo, 85, afirmou
que Hilda nasceu em um bordel,
que não era empregada, mas vivia
de favor na casa dos Bonnetti.
A sogra de Bonnetti disse ainda
que Hilda mantinha hábitos estranhos, como dançar em frente
ao espelho, em cima da cama da
patroa.
Questionada pela acusação se
iria dizer que Hilda tentava seduzir Renê Bonnetti, ela afirmou:
"Prostitutas gostam de seduzir os
homens".
Maria de Lourdes é mãe da mulher do engenheiro, Margarida
Bonnetti, que atualmente está foragida e também é ré em processo
que a acusa de ter mantido Hilda
como escrava.
Ontem, defesa e acusação apresentaram seus argumentos finais.
Até 19h10, os jurados não haviam
retornado com a decisão.
Renê e Margarida levaram Hilda como empregada doméstica
aos EUA em 1979.
O processo criminal contra os
Bonnetti começou por iniciativa
do FBI, alertado por uma instituição religiosa que denunciou os
Bonnetti por manter Hilda sem
salário durante 20 anos e tê-la
agredido fisicamente.
No final de 1998, Hilda processou os Bonnetti pedindo uma indenização de US$ 1 milhão por salários não pagos e danos morais
por maus-tratos e pelas condições
desumanas.
Existe uma ordem de prisão
contra Margarida Bonnetti.
Depois da apresentação dos argumentos finais, o engenheiro
Renê Bonnetti telefonou para familiares e disse que estava esperançoso com o resultado.
A acusação informou que todos
os seus argumentos, principalmente os que acusam os Bonnetti
de ter negligenciado tratamento
médico a Hilda, não foram contestados pela defesa e que a condenação seria inevitável.
Embora negue que tenha mantido Hilda como escrava, Bonnetti
confessou ter mentido ao Serviço
de Imigração dos Estados Unidos
em 1979, quando informou que
Hilda entrou no país como empregada doméstica. Bonnetti afirmou ter trazido Hilda "por questões humanitárias".
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