São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parceria vai viabilizar pesquisa com quimioterápicos no Incor

KÁTIA STRINGUETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um contrato de participação acionária assinado ontem entre a Fundação Zerbini/Incor e uma empresa americana de alta tecnologia, a iCell Therapeutics Corp., vai acelerar as pesquisas no Instituto do Coração.
Com o capital gerado pela sociedade (a expectativa é conseguir US$ 50 milhões no período de três a quatro anos) será possível viabilizar a produção industrial da partícula LDE, desenvolvida por pesquisadores do instituto, e fazer testes clínicos mais amplos para verificar a aplicabilidade da LDE e seus reais benefícios.
A partícula serve de veículo para quimioterápicos (medicamentos para câncer), com a vantagem de levar a droga diretamente para as células do tumor, poupando as células sadias. "Já testamos em 150 pacientes e os efeitos colaterais da quimioterapia com a partícula associada foram desprezíveis", disse o pesquisador Raul Maranhão.
No contrato assinado ontem, a Fundação Zerbini, detentora da patente da partícula, cede os direitos do produto para a iCell. Em troca, recebe o direito à representação na diretoria da empresa e recursos para avançar nas pesquisas com a LDE.
"Foi uma saída para acelerar os estudos e trazer a público o que descobrimos", disse José Antonio Ramires, diretor-geral do Incor.
No Brasil, a Fundação Zerbini estava tendo dificuldade em conseguir os recursos. Agora, essa missão fica por conta da iCell, criada em janeiro para essa finalidade. "Vamos fazer um trabalho de captação de recursos junto aos investidores dos EUA", disse Kito Tosetti, presidente da empresa.
Para o primeiro arranque na pesquisa serão necessários US$ 5 milhões. Esse dinheiro será empregado para refinar a tecnologia do Incor: comprar equipamentos avançados e contratar pessoal especializado. "O Incor mantém um laboratório em nível acadêmico e vamos ampliar a produção para uma escala industrial".
A partícula também poderá ser utilizada para transportar substâncias radioativas e, no futuro, será aplicada na terapia genética.
A princípio, será implantado um Centro de Desenvolvimento Tecnológico da iCell no próprio instituto. A captação de recursos internacionais também posicionará o trabalho do Incor no centro da indústria de alta tecnologia. A perspectiva é de que ficará mais fácil receber a verba necessária.



Texto Anterior: Saúde: Instituto da Mulher retoma obra em março
Próximo Texto: 5 laboratórios dizem ter errado em planilha
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.