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INFÂNCIA
Menino deve chegar na quinta-feira ao Brasil, onde ficará com a avó
Polícia leva à força garoto de Taiwan
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A disputa pelo menino gaúcho
Iruan Ergui Wu, 8, terminou depois que a polícia invadiu a casa
da família, em Taiwan, e levou o
garoto à força. A cena foi registrada por canais de televisão taiwaneses e exibida em todo o mundo.
Iruan deveria ter sido entregue
ao representante do escritório do
Brasil em Taipé, Paulo Pereira
Pinto, responsável por trazer o
menino ao país, ontem de manhã.
Mas o tio do menino não cumpriu
a decisão da Justiça local.
O garoto estava retido havia
dois anos e dez meses em Taiwan,
para onde foi levado pelo pai, o
marinheiro Teng-Shu Wu, que logo depois morreu. Desde então os
parentes se recusavam a devolver
o garoto à avó materna, a brasileira Rosa Leocádia Silva Ergui, que
tem a guarda de Iruan desde a
morte da mãe dele, há seis anos.
A Justiça definiu a última quarta
como limite para a entrega do garoto. Após esse prazo, a volta dele
foi adiada pelo menos quatro vezes pelos parentes taiwaneses, até
o último prazo, ontem.
Segundo a assessoria do Ministério das Relações Exteriores,
Iruan está com Paulo Pinto em
um hotel em uma cidade vizinha
ao povoado de Kaoshiung, onde
mora sua família taiwanesa. Ele
deve chegar ao Brasil na quinta.
"Ficamos chocados e tristes
com as cenas que vimos. Fizemos
de tudo para que não chegasse a
esse ponto", afirmou Patrícia Ergui Teixeira, tia de Iruan.
Avó do garoto, Rosa Ergui foi levada de sua casa em Canoas (RS)
para a casa de uma filha em Porto
Alegre para se acalmar. "Ela ficou
abalada com as cenas da polícia
retirando Iruan. Estamos apreensivos", disse Patrícia Teixeira.
No Brasil, Iruan provavelmente
terá um quadro de depressão a
enfrentar, segundo Ênio Roberto
de Andrade, coordenador do departamento de psiquiatria infantil
do Hospital das Clínicas de São
Paulo. "Com 8 anos ele já sofreu
muitas perdas: a morte dos pais, o
afastamento da avó e agora o afastamento de pessoas com quem ele
já se acostumou." Diferenças culturais serão outro agravante.
O governo brasileiro pediu ontem ao governo de Taiwan proteção policial ao garoto e ao representante comercial brasileiro naquele país, Paulo Pinto, responsável por trazer o menino ao Brasil.
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