São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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INFÂNCIA

Menino deve chegar na quinta-feira ao Brasil, onde ficará com a avó

Polícia leva à força garoto de Taiwan

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa pelo menino gaúcho Iruan Ergui Wu, 8, terminou depois que a polícia invadiu a casa da família, em Taiwan, e levou o garoto à força. A cena foi registrada por canais de televisão taiwaneses e exibida em todo o mundo.
Iruan deveria ter sido entregue ao representante do escritório do Brasil em Taipé, Paulo Pereira Pinto, responsável por trazer o menino ao país, ontem de manhã. Mas o tio do menino não cumpriu a decisão da Justiça local.
O garoto estava retido havia dois anos e dez meses em Taiwan, para onde foi levado pelo pai, o marinheiro Teng-Shu Wu, que logo depois morreu. Desde então os parentes se recusavam a devolver o garoto à avó materna, a brasileira Rosa Leocádia Silva Ergui, que tem a guarda de Iruan desde a morte da mãe dele, há seis anos.
A Justiça definiu a última quarta como limite para a entrega do garoto. Após esse prazo, a volta dele foi adiada pelo menos quatro vezes pelos parentes taiwaneses, até o último prazo, ontem.
Segundo a assessoria do Ministério das Relações Exteriores, Iruan está com Paulo Pinto em um hotel em uma cidade vizinha ao povoado de Kaoshiung, onde mora sua família taiwanesa. Ele deve chegar ao Brasil na quinta.
"Ficamos chocados e tristes com as cenas que vimos. Fizemos de tudo para que não chegasse a esse ponto", afirmou Patrícia Ergui Teixeira, tia de Iruan.
Avó do garoto, Rosa Ergui foi levada de sua casa em Canoas (RS) para a casa de uma filha em Porto Alegre para se acalmar. "Ela ficou abalada com as cenas da polícia retirando Iruan. Estamos apreensivos", disse Patrícia Teixeira.
No Brasil, Iruan provavelmente terá um quadro de depressão a enfrentar, segundo Ênio Roberto de Andrade, coordenador do departamento de psiquiatria infantil do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Com 8 anos ele já sofreu muitas perdas: a morte dos pais, o afastamento da avó e agora o afastamento de pessoas com quem ele já se acostumou." Diferenças culturais serão outro agravante.
O governo brasileiro pediu ontem ao governo de Taiwan proteção policial ao garoto e ao representante comercial brasileiro naquele país, Paulo Pinto, responsável por trazer o menino ao Brasil.


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