São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Ciclovia da Radial está dois anos atrasada

Pista de 12,2 km liga as estações Tatuapé e Itaquera do metrô; trecho de 2,2 km, no meio da via, ainda não foi concluído

Bicicletas respondem por 0,6% dos deslocamentos na cidade; em 2008, 6% (85 casos) das mortes no trânsito foram de ciclistas

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ciclovia da Radial Leste, um projeto de 12,2 km anunciado pelas gestões José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) como alternativa de transporte e lazer para a zona leste, está dois anos atrasada.
Desde janeiro de 2008, a via batizada como "Caminho Verde" deveria constituir a maior ciclovia da cidade, ligando as estações Tatuapé e Corinthians-Itaquera do metrô e beneficiando também pedestres e praticantes de cooper.
Um de seus atrativos seria permitir que as pessoas fossem ao trabalho, à faculdade etc. usando a ciclovia, diferentemente de vias construídas antes na cidade, voltadas ao lazer.
Contudo, falta entregar cerca de 20% da obra-o que deve ocorrer neste trimestre, segundo o Metrô, que toca o projeto de R$ 9 milhões com a Secretaria do Verde do município.
Enquanto isso, o usuário convive com buracos e mato em alguns pontos da pista já entregues em 2008 -trecho que começa no final da linha vermelha -estação Corinthians-Itaquera. Em 2009, foi entregue também o outro extremo da pista, de 4 km.
A parte incompleta -de 2,2 km- está no meio, entre a estação Vila Matilde e o viaduto Aricanduva. Aí, há partes já liberadas para uso que contam com inúmeros buracos.
O cicloativista André Pasqualini, diretor-geral da ONG CicloBR e consultor do projeto, diz que a ciclovia poderia ter sido mais bem planejada em certos aspectos. "Poderia ter sido colocada do outro lado do metrô, longe da pista da Radial, para que a poluição não fosse um inconveniente."
O uso da pista é relativamente baixo. Só três ciclistas foram vistos pela Folha em visita de meia hora feita à via no dia 15 de janeiro -uma sexta, às 13h, na altura da estação Patriarca.
A Folha voltou à ciclovia às 19h40 da última quinta -horário de pico. Em meia hora, presenciou quatro ciclistas e corredores na altura da estação Guilhermina-Esperança.
Segundo os usuários, o público é maior nos finais de semana. Eles afirmam gostar da pista, mas apontam inconvenientes. "Já vi até caco de vidro na pista", afirmou o porteiro Nildo Francisco, que trabalha na Penha e vem pela pista desde Itaquera até onde a obra lhe permite. Percorre o último trecho do trajeto pela rua.
O bancário Ananias Amorim é um dos que usam a pista por lazer. Diz que se diverte na ciclovia, mas que o problema é acessá-la. "Fico um tempão para atravessar a Radial, que é movimentada e perigosa."

Baixa prioridade
As bicicletas respondem hoje por 0,6% dos deslocamentos, mas os ciclistas somaram 6% das mortes no trânsito em 2008 -foram 85 casos.
A prefeitura calcula que a cidade tem 13,5 km de ciclovias fora de parques, mas inclui na conta algumas já desativadas como a da avenida Sumaré (1,4 km) -onde se pratica basicamente cooper- e da Faria Lima (1,3 km) onde há obras da linha 4 do metrô. Kassab prometeu reverter o quadro construindo 100 km de ciclovias até 2012.


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