São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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Alto de Pinheiros tem 150 vigias, mas sem ação conjunta

No bairro em que secretário estadual foi feito refém, seguranças em guaritas funcionam como "olheiros'

Dos 15 vigilantes entrevistados ontem pela Folha, apenas dois tinham passado por algum treinamento

DE SÃO PAULO

Um bairro extremamente vigiado, mas sem uma coordenação entre os cerca de 150 vigilantes que lá atuam. Assim é Alto de Pinheiros, bairro nobre localizado na região oeste da cidade de São Paulo.
Foi lá que, na última segunda-feira, quatro bandidos fizeram o ex-secretário estadual da Segurança Pública e atual titular da pasta de Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, refém, juntamente com sua família, e roubaram um carro, joias, R$ 4.500 em dinheiro, celulares e notebooks.
É comum ver nas calçadas de Alto de Pinheiros guaritas com os "guardas" da rua. Esses homens são os olheiros do bairro. Quando ocorre um crime ou há uma movimentação incomum na região, eles avisam a polícia ou os colegas das ruas vizinhas. Mas nem sempre isso dá certo.
"Já tentaram implantar um sistema de rádio por aqui, mas muitos colegas usavam os rádios para contar piadas, dar trote ou jogar conversa fora. Na hora que precisava, não acreditavam que estava acontecendo alguma coisa errada", diz o vigilante Francisco Paulo Silva, há 15 anos no bairro.
Alto de Pinheiros é tido pela polícia como um dos locais mais vigiados da cidade. Os vigilantes começaram a chegar ao bairro há 30 anos. De lá para cá, propagaram-se por quase todas as vias.
"Os moradores dizem que confiam na polícia, mas, mesmo assim, eles se sentem seguros com a gente por aqui para dar uma olhada em toda a movimentação", diz o vigilante Gildásio Rocha, há 16 anos na região.

DESTREINADOS
Dos 15 vigilantes entrevistados ontem pela Folha, apenas dois tinham passado por algum treinamento.
Isso porque, antes de atuarem nas ruas, ambos tinham trabalhado em empresas de segurança privada, que são fiscalizadas pela Polícia Federal e têm a obrigação de treinar os seus profissionais. Os demais dizem ter aprendido a profissão com colegas.
Por conta dessa falta de coordenação e de treinamento, a Polícia Civil anunciou, anteontem, que vai treinar esses profissionais para o combate à criminalidade.
A polícia quer criar um banco de dados dos vigias autônomos para que os cidadãos possam saber quem está contratando.
Apesar de serem chamados de "guardas", esses vigias não podem andar armados. Sua principal função é ser um informante da polícia na região.
A rua do secretário Saulo tem três cabines de vigilância. Uma fica em frente à casa, mas ela estava vazia na hora do crime. O aparato de segurança da residência, que tem muros altos, câmeras, cerca elétrica e o aviso de que uma empresa a monitora, também não intimidou os ladrões.
(AFONSO BENITES)


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