São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Espigão de luxo é ocupado sem Habite-se

Símbolo de irregularidades, prédio embargado na rua Tucumã ganhou moradores; apartamentos custam R$ 9 mi

Prefeitura não emitiu documento porque recorre de ação para demolir parte do imóvel erguida acima do limite

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

O prédio de luxo que se converteu em símbolo de irregularidades em São Paulo -e custa R$ 9 milhões a unidade- está ocupado sem autorização da prefeitura.
Depois de 12 anos de espera, moradores resolveram ocupar o edifício Villa Europa, que ficou conhecido como espigão da Tucumã -em alusão à rua onde fica, em Pinheiros (zona oeste de SP).
O prédio, porém, não tem Habite-se, certificado que atesta a regularidade do imóvel e libera a sua ocupação. Trata-se, para os registros da prefeitura, de um empreendimento em obras. Sem a autorização, o imóvel fica sujeito a multa pelo município.
Por ter 30 metros acima do limite, o Villa Europa foi embargado em 1999 pela prefeitura, que pediu a demolição de parte dele. Ainda não há decisão definitiva na Justiça.
O edifício está pronto. Seguranças ficam no interior do prédio o dia inteiro; à noite, a Folha flagrou luzes acesas nos andares superiores.
A empresária Montserrat Coelho Ryan admitiu que está no local. "Só venho esporadicamente, porque moro em Londres."
Se for por falta de Habite-se, diz ela, a prefeitura terá que "destruir a Hungria com a Faria Lima inteira, inclusive as transversais".
O apartamento pertence a Gregory Ryan, marido dela, fundador do McDonald's no Brasil e executivo de uma rede hoteleira dona das marcas Comfort, Radisson e Clarion.
A Folha apurou que outro morador é Manuel Rodrigues Tavares de Almeida Filho, dono do Banco Luso Brasileiro e da Tatuzinho, que faz a aguardente Velho Barreiro.
O Habite-se do Villa Europa não foi emitido porque a prefeitura ainda recorre de ação na Justiça em que solicita a demolição de parte do edifício.
O empreendimento tinha 87 metros de altura no projeto original, mas foram erguidos 117 metros. Em 1999, a prefeitura embargou o imóvel e, no ano seguinte, entrou na Justiça para pedir a demolição de parte dele.
Em 2004, a Justiça autorizou a demolição, mas a sentença foi revertida no Tribunal de Justiça cinco anos depois. A prefeitura recorreu.
Mesmo sem o Habite-se, um condomínio foi estabelecido em setembro de 2010. Cada proprietário recebeu um boleto de R$ 8.150.
O Villa Europa tem 31 andares com 13 dúplex e um tríplex -cerca de 675 metros quadrados cada um.
Um consultor imobiliário anunciou um dos apartamentos do edifício no Twitter, na semana passada, por R$ 9 milhões.


Texto Anterior: Caso Von Richthofen: Justiça declara que Suzane é indigna de receber herança
Próximo Texto: Construtora diz aguardar "trâmites burocráticos" para ter regularização
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.