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1º dia tem apenas 30 cadastrados
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
O primeiro dia da campanha Toda Criança na Escola teve movimento tão baixo na cidade de São
Paulo que, mantido esse ritmo até
seu encerramento, no próximo sábado, menos de 0,5% das crianças
que estão fora da escola na cidade
serão atendidas.
No único posto de atendimento
da capital foram cadastradas 52
crianças. No entanto, apenas 30
preenchiam os requisitos determinados pelo ministério.
Das demais, 18 crianças vão
completar 7 anos de idade entre
março e setembro deste ano, 3 tinham entre 15 e 16 anos e uma já
estava matriculada e pleiteava
transferência para uma escola
mais próxima de sua casa.
Essas crianças foram cadastradas normalmente, mas não há garantia de vagas a elas. A prioridade
é para as que tenham entre 7 anos
(completados até 28 de fevereiro)
e 14 anos e que não estejam matriculadas em nenhuma escola.
De acordo com dados de 1996 do
IBGE, 70 mil crianças estariam fora da escola no município de São
Paulo. As 30 crianças atendidas na
campanha ontem equivalem a
0,04% do total que está fora da escola em São Paulo.
A pequena procura pode ser justificada, entre outros fatores, pela
distância do único posto de atendimento do MEC -na Vila Clementino, bairro predominantemente de classe média- em relação às regiões mais carentes.
Segundo o secretário municipal
da Educação, Ayres da Cunha,
existem 6 mil vagas a serem preenchidas na rede municipal, além de
outras 15 mil que serão criadas
com a construção de nove escolas
e mais 73 salas emergenciais
(pré-fabricadas, de madeira).
Segundo as atendentes do posto
da capital (rua Diogo de Faria,
1.247), grande parte das crianças
que se cadastraram ontem não havia conseguido escola até então
porque tinha parado de estudar ou
porque migrou de outros Estados
para São Paulo recentemente.
É o caso de Isaac Ferreira Feitosa, 14, e seu irmão Ismael, 13, que
vieram da Bahia em janeiro e não
conseguiram vaga para a 4ª série
em duas escolas que procuraram.
"Essa é a última chance. Eles vieram para São Paulo por causa dos
estudos. Não queremos que eles
parem de estudar, mas não sei como vai ser se não conseguirem",
disse a irmã dos meninos, Vanusa
Ferreira Feitosa, 27.
A mudança de bairro foi o motivo que deixou Alan de Paula, 12,
sem escola. Segundo sua mãe, Denise, 29, a família mudou de casa
no ano passado. Ela disse que começou a fazer contato com uma
escola estadual próxima do novo
endereço, na Aclimação (zona sudoeste), em novembro.
"Disseram que eu não precisaria
me preocupar, que teria vaga. Me
enrolaram até que descobri hoje
(ontem) que não há vaga para ele.
Se não conseguir aqui, acho que
ele terá de parar de estudar. É um
absurdo."
De acordo com a chefe de gabinete da secretaria municipal da
Educação, Martha Abrahão Saad
Lucches, todos os casos serão estudados e, aqueles cuja responsabilidade da matrícula em 97 era da
rede estadual, deverão de ser resolvidos pelo próprio Estado.
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