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SAÚDE
Remédio reduz hiperatividade
Governo pode liberar droga para autistas
da Reportagem Local
O Ministério da Saúde está estudando uma forma de liberar a droga fenfluramina para uso exclusivo
por pacientes autistas. A substância, usada como inibidor de apetite, foi proibida no ano passado depois que alguns pacientes norte-americanos manifestaram problemas cardíacos supostamente decorrentes da droga.
O remédio, no entanto, vinha
sendo empregado com sucesso para reduzir a hiperatividade de
crianças autistas. A possível liberação da fenfluramina para esse fim
pode ser decidida hoje, em Brasília, em reunião da Comissão Nacional de Assessoramento Técnico
em Medicamentos. "Não há registro de efeitos colaterais dessa droga em crianças autistas", afirma o
psiquiatra Raymond Rosenberg.
Segundo ele, a fenfluramina beneficia pelo menos 40% dos autistas,
facilitando a aprendizagem e permitindo vida mais tranquila.
Rosenberg, que é um dos fundadores da AMA (Associação dos
Amigos dos Autistas), diz que vários estudos comprovaram que o
uso da fenfluramina diminui o nível de serotonina no sangue dos
pacientes. "Verificou-se que com a
droga as crianças ficavam mais
tranquilas, tinham maior facilidade de comunicação e se mostravam mais atentas."
Maria Lúcia Andrade, mãe de
um menino autista de 6 anos, diz
que seu filho vem sendo beneficiado há dois com o uso da fenfluramina. "Com o remédio, ele apresentou progressos na concentração, na sociabilização e na capacidade de aprendizado", afirma. Ao
saber que a fenfluramina seria recolhida do mercado, Maria Lúcia
comprou um pequeno estoque que
ainda não terminou. Segundo ela,
é graças ao remédio que o filho está
podendo frequentar a escola. "Antes de usar a fenfluramina, ele não
dormia e se irritava a qualquer
contato. Os outros remédios só o
deixavam mais agitado."
De acordo com Rosenberg, os
medicamentos para a hiperatividade provocam efeitos colaterais
importantes.
A proposta da AMA é que o Ministério da Saúde libere a fenfluramina exclusivamente para autistas
por meio de receituário especial.
Segundo as últimas pesquisas internacionais, há um autista para
cada grupo de mil pessoas. No Brasil, existiriam cerca de 160 mil.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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