São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE
Remédio reduz hiperatividade
Governo pode liberar droga para autistas

da Reportagem Local

O Ministério da Saúde está estudando uma forma de liberar a droga fenfluramina para uso exclusivo por pacientes autistas. A substância, usada como inibidor de apetite, foi proibida no ano passado depois que alguns pacientes norte-americanos manifestaram problemas cardíacos supostamente decorrentes da droga.
O remédio, no entanto, vinha sendo empregado com sucesso para reduzir a hiperatividade de crianças autistas. A possível liberação da fenfluramina para esse fim pode ser decidida hoje, em Brasília, em reunião da Comissão Nacional de Assessoramento Técnico em Medicamentos. "Não há registro de efeitos colaterais dessa droga em crianças autistas", afirma o psiquiatra Raymond Rosenberg. Segundo ele, a fenfluramina beneficia pelo menos 40% dos autistas, facilitando a aprendizagem e permitindo vida mais tranquila.
Rosenberg, que é um dos fundadores da AMA (Associação dos Amigos dos Autistas), diz que vários estudos comprovaram que o uso da fenfluramina diminui o nível de serotonina no sangue dos pacientes. "Verificou-se que com a droga as crianças ficavam mais tranquilas, tinham maior facilidade de comunicação e se mostravam mais atentas."
Maria Lúcia Andrade, mãe de um menino autista de 6 anos, diz que seu filho vem sendo beneficiado há dois com o uso da fenfluramina. "Com o remédio, ele apresentou progressos na concentração, na sociabilização e na capacidade de aprendizado", afirma. Ao saber que a fenfluramina seria recolhida do mercado, Maria Lúcia comprou um pequeno estoque que ainda não terminou. Segundo ela, é graças ao remédio que o filho está podendo frequentar a escola. "Antes de usar a fenfluramina, ele não dormia e se irritava a qualquer contato. Os outros remédios só o deixavam mais agitado."
De acordo com Rosenberg, os medicamentos para a hiperatividade provocam efeitos colaterais importantes.
A proposta da AMA é que o Ministério da Saúde libere a fenfluramina exclusivamente para autistas por meio de receituário especial.
Segundo as últimas pesquisas internacionais, há um autista para cada grupo de mil pessoas. No Brasil, existiriam cerca de 160 mil.
(AURELIANO BIANCARELLI)


Texto Anterior: Educação: Unicamp vai gastar este ano R$ 20 mi com INSS
Próximo Texto: Aconteceu há 50 anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.