AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo registrou ontem o primeiro caso de dengue autóctone, depois de dois anos sem nenhuma ocorrência.
Uma menina de 9 anos, moradora da Vila Espanhola, na Nova Cachoeirinha, zona norte, caiu doente no dia 18 de fevereiro. Ontem, o Instituto Adolf Lutz confirmou que se trata de dengue e a Vigilância Sanitária informou que a menina não deixou a cidade nas últimas semanas. Significa que foi picada no bairro e que existem Aedes aegypti contaminados naquela região. A menina está bem. Outros seis casos suspeitos ainda estão sendo investigados.
Os últimos três casos de dengue autóctone em São Paulo foram registrados em 1999, em bairros da região noroeste e norte. Na região norte vem ocorrendo uma média de 20 casos de dengue importada por mês. São pessoas picadas em outras cidades que vêm adoecer em suas casas. O perigo está justamente aí: se essa pessoa for picada por um mosquito Aedes aegypti, o inseto passará o vírus para cada pessoa que picar. Em áreas de grandes populações, a doença pode fazer muitas vítimas rapidamente. Embora a dengue "simples" não traga grandes riscos e possa ser tratada em casa, a reinfecção pelo Aedes pode levar à dengue hemorrágica, esta sim, muitas vezes fatal.
Na tarde de ontem, equipes da prefeitura e do Estado iniciaram uma grande operação de limpeza e informação na área. "O mutirão continuará neste final de semana, com divulgação de panfletos e encontros em escolas", disse o secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge, que passou a tarde na região. Na quarta-feira à noite, serão feitos encontros com moradores em diferentes locais.
As pessoas estão sendo alertadas para destruírem depósitos de água limpa, como pneus e vasos. É nesses locais que os mosquitos põem seus ovos e se proliferam. Técnicos da Sucen e do Centro de Zoonoses estão aplicando inseticidas nos locais com água.

Dengue hemorrágica
Ontem, foram confirmados dois casos de dengue hemorrágica em Borborema (nordeste do Estado). Com eles, já são três os registros da doença na região de Ribeirão Preto.
Borborema -com 221 casos de dengue comum-, Barretos, Guaíra e Jardinópolis vivem epidemia da doença. A situação na região, com 2.080 infectados este ano, é a pior desde 1996.