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Juizado de Menores realiza blitze no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
O Juizado de Menores e a
DPCA (Delegacia de Proteção à
Criança e ao Adolescente) vão
realizar hoje blitze em bailes
funk do Rio. A decisão foi tomada após a Secretaria de Saúde afirmar oficialmente que
uma jovem menor de 14 anos e
soropositiva havia engravidado numa festa funk, durante a
chamada "dança das cadeiras",
em que as meninas, de saia,
sentam no colo de diferentes
rapazes.
O Juizado de Menores está
"preocupado e atento", segundo o juiz Siro Darlan, da 1ª Vara
da Infância e da Juventude. A
blitz visa impedir que menores
frequentem esses locais.
Apesar disso, o juiz Darlan
acha que o caso da menor é um
caso único. "Vamos averiguar,
mas tenho dificuldade de aceitar que esses relatos aconteçam
com frequência", diz Darlan,
que, por enquanto, além da
blitz, vai indiciar os pais da menina e os produtores do baile
onde ela diz ter engravidado.
Uma entidade não-governamental que presta assistência a
adolescentes grávidas confirmou ontem a denúncia feita
pela Secretaria de Saúde.
O Espaço Logus Sagrado
atende à comunidade das favelas da Tijuca (zona norte). Segundo sua diretora, Vera Lúcia
Harouche, das 30 adolescentes
assistidas, 8 afirmam ter engravidado nos bailes.
A primeira menina que disse
ter engravidado num baile
funk da região chegou ao Logus Sagrado no início de janeiro, com gestação de três meses.
Os outros casos começaram a
aparecer logo em seguida. A última jovem chegou pouco antes do Carnaval.
Todas elas estão em idades
nas quais a gravidez representa
risco para a gestante e o feto. A
mais nova tem 12 anos e a mais
velha 16. Nenhuma delas é soropositiva.
Segundo Vera Harouche, as
adolescentes vêm de diferentes
favelas da área, entre elas Turano, Formiga e Borel, mas principalmente do Salgueiro. Este
último morro tem um dos bailes funk mais famosos do Rio.
"As meninas contam sobre
suas relações sexuais nessas
festas porque encaram isso como algo normal. Os valores são
outros. Elas chegam a ter relações com mais de um rapaz no
mesmo baile e quando engravidam não sabem quem são os
pais dos bebês", disse Vera.
A gerente da assistência social do posto de saúde da Tijuca, Odaléa Mourato, também
confirma casos de meninas que
engravidaram dentro de bailes.
Odaléa diz que já atendeu
muitas jovens (algumas soropositivas) que relataram histórias como essas. "Talvez isso
esteja virando uma prática,
mas não posso afirmar", disse.
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