São Paulo, terça, 10 de março de 1998

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VIOLÊNCIA
Motivo de conflito entre internos é desconhecido; à tarde, houve início de rebelião
3 garotos morrem queimados na Febem

SANDRA HAHN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Três menores morreram na manhã de ontem por causa de queimaduras sofridas após uma briga no Instituto Central de Menores, da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), em Porto Alegre (RS). O instituto abriga internos considerados de alta periculosidade.
A direção da Febem divulgou que quatro menores tiveram um desentendimento na madrugada de segunda-feira no quarto que ocupavam no instituto. No local, dois deles teriam espancado um colega de quarto.
Os monitores do instituto retiraram do quarto o menor ferido. Os outros três tiveram uma briga e queimaram colchões. A Brigada Militar, que faz o policiamento do instituto, informou que não conhecia as razões do conflito e abriu uma sindicância.
Os menores Roger Souza de Freitas, 17, Márcio José da Silva, 17, e Isaías Laphis Neuschrank, 16, morreram devido às queimaduras. Neuschrank foi retirado morto do quarto. Os outros dois ainda receberam atendimento médico, mas morreram no hospital.
Mal havia voltado a calma ao instituto quando começou um motim ontem à tarde. A Brigada Militar invadiu o local para conter a rebelião. O episódio deixou cinco menores feridos com escoriações e cinco PMs, segundo o comando da Brigada Militar.
O comandante do policiamento da área metropolitana, Arlindo Bonete, disse que os menores da ala 2, que estavam no pátio, se recusaram a voltar para seus quartos por volta das 16h. Eles começaram a derrubar grades, quebrar paredes e construir barricadas com colchões.
Ao invadir o instituto, os policiais foram recebidos com tijolos retirados das paredes, segundo Bonete. Eles teriam respondido com bombas de gás lacrimogêneo.
Depois de controlado o motim, começou uma conferência para saber se algum interno havia escapado do instituto. Segundo funcionários, alguns monitores usados como reféns também saíram feridos no confronto. Até às 18h15, não havia relatório oficial de feridos.
A superlotação é apontada como o principal motivo dos conflitos no Instituto Central de Menores, que tem capacidade para 80 internos. Segundo o secretário do Trabalho, Iradir Pietroski, há 125 adolescentes no local. A direção do instituto afirmou que 154 menores estavam no local.
O secretário disse que a situação vai melhorar em abril, quando devem entrar em funcionamento duas novas casas para abrigar menores infratores no Estado.



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