São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Entulho em área municipal na Freguesia do Ó, que tem 31 dos 66 casos da cidade, pode ajudar na proliferação do mosquito

SP deixa sujo cemitério em zona com dengue

Alexandre de Paulo/Folha Imagem
Pneus e sujeira acumulados no fundo de cemitério na zona norte de SP, região afetada pela dengue




ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo cobra da população medidas para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, mas não consegue evitar possíveis focos da dengue em prédios municipais e em várias ruas da cidade.
Dois grandes amontoados de lixo, com possíveis focos do mosquito da dengue, foram localizados ontem pela Folha em dois cemitérios municipais, na Freguesia do Ó, zona norte. No bairro, foram registrados 31 dos 66 casos da doença confirmados até ontem na cidade. Todos na mesma região.
Os possíveis focos não estão só nos cemitérios. Há entulhos nas principais avenidas da Freguesia do Ó e do Limão, que, de acordo com os moradores, não são retirados pela prefeitura.
A pior situação é a do Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, o segundo em tamanho da capital e o maior da região, com 350 mil m2.
No local, foram encontrados garrafas, recipientes e sete pneus que, segundo a própria Secretaria Municipal da Saúde, é um dos locais que mais favorecem a proliferação do mosquito, pois acumulam água.
Tanto é que um dia após o primeiro caso registrado em São Paulo, em 10 de março, os técnicos da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias do Estado) pulverizaram o cemitério.
O local onde está o lixo faz divisa com um mutirão de moradia da prefeitura, cujas obras foram interrompidas há três meses, e com duas quadras de esporte da Vila Olímpica do Estado. As quadras são usadas por jovens.
"A prefeitura esteve aqui há uns 15 dias e limpou o cemitério, mas não voltou mais", disse o mestre de obras Francisco de Oliveira. "Todo mundo está com medo de pegar a dengue."
Na avenida Deputado Emílio Carlos, que circunda o Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na altura do número 3.437, havia entulhos também. No lixo abandonado na calçada, foram deixados um vaso sanitário, vasilhas e garrafas.
No Cemitério da Freguesia do Ó, com 15 mil m2, também havia muito lixo acumulado e possíveis focos do mosquito da dengue. A sujeira estava encostada ao muro, que separa a rua Javorau do cemitério. Lá havia garrafas.
No Limão, na avenida Nossa Senhora do Ó, na altura do número 565, também havia entulhos com garrafas e recipientes.
De acordo com o gerente de tráfego da empresa Reunidas, Anderson Faverin, é raro a prefeitura limpar o local. "Geralmente o pessoal da empresa é que limpa."
A técnica da Divisão de Controle de Roedores e Vetores do Centro de Controle de Zoonoses, Elizabeth Gonçalves, insistiu ontem que só se combate a dengue se todos eliminarem os possíveis focos. "Não pode acumular o lixo, mas a população tem de colaborar e não jogar pneus em locais públicos." Ela disse que, no último dia 10 de março, além da pulverização foi feita uma limpeza no cemitério.
"O processo se repete. Os agentes eliminam os focos nas casas, voltam e há outros. Ocorreu o mesmo no cemitério."
Dos cinco novos casos confirmados ontem, dois foram em bairros onde não havia registro antes, um no Mandaqui e outro na Brasilândia.


Texto Anterior: Embu: Moradores se queixam de qualidade da água
Próximo Texto: Outro lado: Lixo acumulado será recolhido, diz prefeitura
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.