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PETROBRAS
Royalties rendem em média R$ 1,5 mi por mês
Prefeitura perde metade da receita com afundamento de plataforma
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Após ver sua arrecadação dobrar e os indicadores sociais melhorarem em dois anos, a cidade
de São João da Barra (a cerca de
300 km do Rio) vai adiar investimentos e cortar gastos de custeio
por conta do afundamento da
plataforma P-36.
Com o início da produção de
petróleo no campo do Roncador
(bacia de Campos), no qual operava a P-36, a partir de maio de
1999 a cidade passou a receber royalties e figurar entre os municípios produtores de petróleo.
A cidade recebe, em média, R$
1,5 milhão por mês em royalties.
Sem o dinheiro do petróleo, a prefeitura estima que a arrecadação
mensal de cerca de R$ 3 milhões
caia pela metade.
A P-36 era responsável por quase toda a produção do campo de
Roncador.
O prefeito de São João da Barra,
Alberto Dauaire (PMDB), disse
que já está cortando verbas de
custeio, como horas extras pagas
a funcionários de confiança, além
do apoio ao esporte amador.
Obras em planejamento, como a
construção de um hospital e de
uma escola, devem ser adiadas.
Com os royalties, aumentou a
arrecadação anual do município:
de R$ 16 milhões em 1998 (sem o
pagamento), passou para R$ 32
milhões no ano passado.
Segundo o prefeito, o dinheiro
do petróleo permitiu aumentar de
1.900 para 4.200 as vagas em escolas municipais e em 68% o número de atendimentos nos postos de
saúde da cidade.
"Os royalties são uma redenção
para nós", disse.
Segundo Dauaire Filho, a Petrobras informou à prefeitura que
somente em dois anos e meio poderá ser compensada a produção
da P-36, que vinha atingindo a
média de 86 mil barris por dia antes do acidente.
A Petrobras não confirmou a
previsão, dizendo que só se pronunciará após a investigação interna sobre o acidente.
O acidente ocorreu em 15 de
março. Três explosões na plataforma causaram a morte de 11 petroleiros. Cinco dias depois, a P-36 afundou.
Fundo de emergência
Para compensar a perda de receita com royalties em situações
de emergência, a Ompetro (Organização de Municípios Produtores de Petróleo) -que reúne nove prefeitos do norte fluminense- quer criar um fundo.
Os recursos viriam de uma parcela dos royalties recebidos pelas
cidades, mas a organização quer
também dinheiro da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
"Nós abrimos mão de uma parte de nossa receita, desde que a
ANP participe", disse Arnaldo
Viana, prefeito de Campos e presidente da Ompetro. Segundo ele,
a agência pode participar com o
aluguel de áreas de produção ou
com a antecipação de royalties.
A ANP não recebeu oficialmente a proposta da Ompetro. A Folha apurou que ela deve encontrar resistência porque os recursos da ANP têm destinação definida pela Lei do Petróleo.
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