São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morador diz que mudou de vida

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma mudança de vida. E para melhor. É assim que os moradores do edifício Fernão Sales definem a situação em que vivem atualmente. Todos integrantes do Movimento de Moradia do Centro, eles foram os primeiros beneficiados pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR).
Há oito meses, eles viviam em ocupações, pagavam aluguel ou moravam, nas suas palavras, "de favor" na casa de parentes.
Para a costureira Gilberta de Jesus Santos, 42, o marido e os quatro filhos, a compra do apartamento número 62 foi "a realização de um sonho".
Desde que chegou a São Paulo, há mais de 20 anos, Gilberta pagava aluguel. No último imóvel em que morou, no bairro do Brás, também no centro, pagava cerca de R$ 500 por mês.
"O aluguel consumia praticamente todo o nosso orçamento. Eu deixava de comprar até os cadernos dos meus filhos para não atrasar o pagamento. Morando aqui, pagamos uma prestação baixa e podemos arrumar emprego e nos locomover com mais facilidade", conta a costureira.
A desempregada Joelma Pereira, 27, viveu em ocupações do MMC durante seis anos até a mudança para o edifício.
"Com o salário de empregada doméstica, não conseguia pagar aluguel. Então fui viver nas ocupações. Mas um apartamento próprio é a melhor coisa do mundo, porque a gente tem privacidade e não precisa dividir tudo com os outros", diz a ex-sem-teto.
As prestações de R$ 148 são pagas com o "salário" do marido, que trabalha como camelô a poucos metros do prédio, na rua 25 de Março. "Nosso orçamento é apertado, mas temos uma moradia digna, e é isso que importa."
A história do prédio da rua Fernão Sales é emblemática dentro dos movimentos dos sem-teto. Durante o período de obras, o edifício teve de ser vigiado 24 horas para que outros sem-teto não o invadissem.
O processo de aprovação do projeto na prefeitura foi longo. Começou em 1999, na gestão do prefeito Celso Pitta (PSL) e só foi concluído no segundo semestre de 2000. As obras foram concluídas no primeiro ano de gestão de Marta Suplicy, que fez a entrega das chaves na sede da prefeitura.



Texto Anterior: Projetos não barram invasões, diz sem-teto
Próximo Texto: Entidade sugere diversificar uso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.