São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 2002

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VIOLÊNCIA

Após 17 horas de negociações com a polícia, assaltantes desistiram de ação, que teve dez reféns em dois pontos distintos

4 são presos após tentativa de assalto em GO

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Depois de 17 horas de negociações, terminou, por volta da meia-noite de anteontem, a tentativa de assalto seguida de sequestro à agência do Banco do Brasil de Caldas Novas (120 km de Goiânia). O caso foi encerrado com a liberação de três funcionários que permaneciam como reféns.
No desenrolar da ação, dez pessoas foram tomadas como reféns em dois pontos distintos. Até a noite de ontem, quatro pessoas haviam sido presas.
O plano dos criminosos teve início por volta de 19h30 de domingo, quando um bando sequestrou o gerente Moacir Camilo Neto, sua mulher e seus três filhos. O gerente foi levado para a agência bancária por volta das 7h. O objetivo inicial era aguardar a abertura do cofre, programada para as 7h30, mas os assaltantes foram surpreendidos por policiais do Grupo de Patrulha Tática da PM e mantiveram o gerente e outros cinco funcionários como reféns.
Enquanto isso, a família de Camilo Neto permanecia escondida em um cativeiro improvisado na região de mata do município goiano de Padre Bernardo.
"Eles estavam distantes dois quilômetros da área urbana. No local foi encontrada uma lona e restos de marmitas", disse o delegado Antônio Gonçalves Pereira dos Santos. Os parentes do gerente só foram libertados por volta das 2h40 de ontem, quando foram deixados em uma estrada entre Braslândia e Taquatinga (DF). Nenhum membro da família quis comentar o sequestro.
Carlos Roberto Roched Júnior, 37, e Valdir José dos Reis, 30, se renderam ao libertar os três últimos reféns da agência.
Ontem de manhã, a Polícia Civil prendeu Edileuza Fátima Costa e Silva, 29, e Manoel José dos Reis, 30, em Brasília. Na casa em que o casal estava foram encontrados quatro coletes à prova de bala e uma pistola. Os quatro acusados foram autuados por formação de quadrilha e tentativa de assalto e devem responder a processo em Caldas Novas.
O advogado Jocelino de Melo Júnior, que ajudou a intermediar as negociações dos assaltantes com a polícia na agência, continuará representando-os.
"É evidente que houve o constrangimento do cárcere privado, mas o importante é que a situação ficou sob controle e ninguém foi molestado. Agora vamos defender o que for justo", disse.

Operação
Cerca de cem homens das polícias Civil, Militar e Federal foram deslocados para a porta da agência do Banco do Brasil para tentar negociar a rendição dos assaltantes e a liberação dos reféns.
Na manhã de segunda-feira, os policiais fecharam o cerco à agência do Banco do Brasil. Cinco funcionários e o gerente foram tomados como reféns. Dizendo-se integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), os criminosos exigiam o pagamento de R$ 1 milhão, coletes à prova de bala e um carro-forte.
Ao longo do dia, eles diminuíram as reivindicações e passaram a pedir R$ 250 mil e um carro modelo Gol ou Vectra. Os assaltantes também liberaram três vítimas.
Desde o início, os comandos das polícias mantiveram a posição de não ceder aos pedidos e exigir a libertação das pessoas.
"O objetivo desde o início era manter a vida dos funcionários e também dos familiares, que estavam em local desconhecido até então," disse o delegado Santos.

Ação integrada
Segundo o diretor-geral da Polícia Civil, Marcos Martins, a integração das ações foi fundamental. "Primeiro cortamos o fornecimento de água e luz. À noite, apagamos as luzes da rua e colocamos holofotes na frente do prédio do banco para cansá-los."
Depois da rendição da dupla, os policiais encontraram uma submetralhadora Uzi, duas pistolas e muita munição na agência.



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