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CRIME EM CASA
Estudante, que confessou participação na morte dos pais, é flagrada por câmera sendo orientada a fingir
"Começa a chorar", diz advogado a Suzane
ITALO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Suzane von Richthofen -que
confessou a participação na morte dos pais Manfred e Marísia
Richthofen, assassinados em casa,
enquanto dormiam, com golpes
de cano de ferro, em outubro de
2002- está sendo orientada a fingir sofrimento e choro em entrevistas, como estratégia para tentar
ser absolvida em seu julgamento,
por meio de júri popular.
O programa "Fantástico", da
Rede Globo, gravou conversas em
que Suzana é orientada a atuar
durante a entrevista por seu advogado Mario Sergio de Oliveira e
por Denivaldo Barni Junior, de
quem o pai era amigo e colega de
trabalho de Manfred von Richthofen. É o que mostrou a reportagem exibida ontem pelo programa da Rede Globo.
Durante a primeira entrevista,
concedida à Globo na última
quarta-feira, Suzane olhou para
Barni Junior -que tem abrigado
a filha do casal assassinado- 13
vezes e deu impressão que estava
chorando 11 vezes. Em nenhum
momento, de acordo com a reportagem, apresentou marcas de
lágrimas.
Conversa
No dia seguinte, em um segundo encontro, em Itirapina, a 100
km de São Paulo, a reportagem
flagrou uma conversa entre Barni
Junior e Suzane.
"Fala que eu não vejo", orienta
Denivaldo Barni Junior, em frase
cujo sentido não foi explicado.
"Eu não vou conseguir", comenta
Suzane, antes de olhar para trás,
ver a família de Barni e gritar,
abrindo os braços.
Durante uma das seguidas interrupções que Suzane fez durante a entrevista, alegando estar abalada e não querer mais falar sobre
o assunto, a reportagem flagra,
atrás de uma porta, mais uma
conversa de Suzane com um interlocutor.
"Acabou, mais nada. Começa a
chorar e mais nada", orienta uma
voz a Suzane. "Fala: "Pelo amor de
Deus, não quero mais tocar nesse
assunto"." De acordo com um perito consultado pelo programa, a
voz é do advogado Mario Sergio
de Oliveira.
Semelhança
O comportamento de Suzane
foi semelhante durante entrevista
à revista "Veja", de acordo com a
reportagem do programa "Fantástico".
Em diversas interrupções durante a entrevista, Suzane colocava as mãos no rosto, como se chorasse, e olhava como à espera da
aprovação de Barni Junior.
"Voltaria para os meus 15 anos,
quando não tinha conhecido ninguém para machucar eles [meus
pais]", afirmou Suzane ao ser
questionada se gostaria de voltar
ao passado. "[Sinto] muita falta.
Eles fazem muita falta", declarou.
Suzane, que assumiu ter auxiliado os irmãos Daniel e Cristian
Cravinhos, assassinos dos pais,
disse sentir "muito ódio" do ex-namorado, Daniel. "Ele sempre
me dava muita droga. Isso foi acabando comigo." Ela não responde
sobre o plano que culminou no
assassinato de seus pais ou sobre
o dia das execuções.
Na versão dos irmãos Cravinhos, Suzane costumava afirmar
que não era uma pessoa feliz enquanto não enterrasse os pais.
As entrevistas fazem parte da
estratégia de defesa do advogado
Mario Sergio de Oliveira devido o
julgamento, marcado para o dia 5
de junho, ser por meio de júri popular. A acusação que pesa sobre
os três é de duplo homicídio triplamente qualificado (por motivo
torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima).
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