São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2007

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Estradas têm mais acidentes na Páscoa

Aumento foi de 24% nas vias federais durante o feriado deste ano, com 79 mortes e 1.149 pessoas feridas; Minas lidera ranking

Apagão aéreo, diz a polícia, elevou o movimento nas estradas; nas rodovias estaduais paulistas ocorreram 1.020 acidentes

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
FERNANDO BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O feriado da Páscoa foi ainda mais violento neste ano nas estradas federais do país. A Polícia Rodoviária Federal registrou um aumento de 23,86% no número de acidentes durante o feriado, com 79 pessoas mortas, duas a mais do que no mesmo período de 2006. Foram 1.744 acidentes, que deixaram 1.149 pessoas feridas, um salto de 29,25%. Minas Gerais, Estado que tem a maior malha de rodovias federais do país, lidera todos os rankings. Foram 324 acidentes, 15 mortos e 201 feridos. São Paulo vem em seguida -foram 14 mortos em 164 acidentes.
As estatísticas da PRF mostram que houve neste ano uma concentração maior de acidentes (629) e mortos (29) no domingo, na volta do feriado. Para a Coordenadoria de Operações da PRF, em Brasília, há duas causas principais para esses números: o volume de tráfego subiu 30% em relação a 2006 e a frota nacional saltou de 42 milhões para 45 milhões entre 2005 e o final de 2006.
O cálculo de tráfego foi realizado com base no movimento dos pedágios e em contagens manuais, feitas pelos próprios policiais rodoviários. Já nas rodovias estaduais paulistas ocorreram 1.020 acidentes. Foram 604 pessoas feridas e 36 mortas, mesmo número de 2006. Dos 604 acidentados, 427 sofreram ferimentos leves e 141, graves. Para a polícia, o apagão aéreo pode ter afugentado os viajantes dos aeroportos e ajudado a elevar o movimento nas estradas, principalmente as próximas às regiões metropolitanas. Já para os especialistas, a chuva que atingiu parte do país no feriado e as más condições das estradas também foram responsáveis pelo aumento no número de acidentes.
"Se eu tivesse que escolher um vilão para esse feriado, seria a chuva", disse Jaime Waisman, professor da USP. Para Luiz Célio Bottura, consultor em engenharia urbana e transporte, o pior são as estradas. "Os problemas são os de sempre: a qualidade das pistas, dos motoristas e dos veículos." Estudos realizados pela PRF desmentem, segundo o coordenador-geral de Operações, inspetor Alvarez de Souza Simões, que a condição das estradas seja preponderante como causa de acidentes. ""A maioria acontece em dias claros e em estradas retas", disse.
O que pode ocorrer, diz ele, é que o motorista, ao cruzar uma rodovia que alterne pontos esburacados e em boas condições, aumente a velocidade do veículo quando a pista está boa. Segundo o inspetor, o número de mortos poderia ser bem pior caso a PRF não estivesse realizando operações nos locais em que ocorrem os acidentes com maior gravidade.
Hoje, os policiais, afirma Simões, se concentram nos trechos em que costuma haver acidentes com mais mortos. ""É por isso que temos mais acidentes, mas menos mortes." Porém, a estrutura da PRF está aquém do necessário, conforme dados da própria corporação. Na década de 1980, cerca de 10 mil policiais fiscalizavam 37 mil km de estradas federais. Hoje, a malha atingiu 64 mil km e o efetivo é o mesmo.


Colaborou CONSTANÇA TATSCH, da Reportagem Local


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