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25 espécies raras ou extintas foram achadas no anel viário
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dado como extinto -já que
não era visto desde 1836-, o arbusto de flores lilases Microlicia myrtoidea foi encontrado
em meio às obras do Rodoanel,
há cerca de um mês.
Desde que a construção do
trecho sul começou, em 2007,
esse arbusto e outras 24 espécies de plantas consideradas
extintas, ameaçadas de extinção ou muito raras foram coletadas naquelas matas que virariam 57 km de asfalto.
A primeira descoberta foi em
outubro de 2007. Pesquisadores do Instituto de Botânica
(órgão estadual), contratados
pela Dersa para minimizar o
impacto na flora da região do
Rodoanel, acharam uma moita
da bromélia Tillandsia linearis,
também considerada extinta:
não era vista há 50 anos.
A riqueza da biodiversidade
naquela região, com flora principalmente da mata atlântica,
surpreendeu os biólogos do
instituto. "Existia uma expectativa não muito boa de se encontrar tanta preciosidade, como encontramos lá", disse Luiz
Mauro Barbosa, diretor do
Centro de Pesquisa do Jardim
Botânico e Reservas, que coordena o trabalho com a flora no
Rodoanel. Para ele, essas 25 espécies raras são um número alto e seu grupo "provavelmente
vai encontrar bem mais".
Uma planta resgatada pode
ser realocada em matas próximas, encaminhada para viveiros ou ficar no Instituto Botânico para estudos. Se corre risco de extinção, os botânicos
tentam multiplicar as sementes para salvar a espécie.
Nem sempre são bem-sucedidos: 60% das plantas realocadas em época de seca não sobreviveram (20%, se em época
de chuva). A palmeira Lythocaryum hoehnei, por exemplo,
apresentou baixo índice de sobrevivência depois de resgatada, segundo a lista de plantas
raras fornecida pelo instituto.
Esse percentual de sobrevivência é bom, defende Barbosa.
"Talvez 40% que a gente faça
virar árvore é mais do que a natureza faria no mesmo lugar."
O trabalho do grupo envolve
três frentes: identificação da
flora, resgates de todos os arbustos e epífitas (plantas que
se apoiam em árvores, como a
maioria das orquídeas e bromélias) e reflorestamento.
Árvores não são resgatadas e
acabaram inevitavelmente derrubadas pelas obras. Mas, de
acordo com Barbosa, se espécies ameaçadas de extinção
eram encontradas, elas também tinham as sementes multiplicadas e atenção especial.
Foi preciso desmatar 212
hectares de matas para a construção do trecho sul do Rodoanel. Segundo Barbosa, 1.016
hectares de áreas próximas
com pastagens serão reflorestados para compensar a perda.
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