São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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Vítima de outro ataque relembra tragédia

Em 2003, ex-aluno invadiu escola em Taiúva, no interior paulista, atirou em estudantes e funcionários e se matou

Atirador de 18 anos sofria humilhações praticadas por colegas, que o chamavam de "gordo" e "vinagrão"

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Um tiro em cheio na coluna e outro na perna que rasgou a artéria aorta. Cerca de 40 dias em uma cama de hospital por conta de três internações diferentes. E pouco mais de oito anos vivendo em uma cadeira de rodas.
O sofrimento retornou à mente de Pedro Russo Júnior, 26, quando assistiu às imagens do ex-aluno que invadiu uma escola no Rio e disparou contra dezenas de crianças antes de se matar.
Russo foi uma das vítimas de um atentado semelhante ocorrido em 27 de janeiro de 2003, na escola estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva (363 km de SP). A Polícia Civil diz acreditar que esse foi o primeiro caso com essa característica no Brasil.
Em Taiúva, o protagonista foi o também ex-aluno Edmar Aparecido Freitas, 18, que invadiu a escola armado de um revólver calibre 38, atirou ao menos 11 vezes, feriu oito pessoas e se matou com um tiro na boca.
Havia cerca de 60 pessoas na escola naquele dia. Era período de recesso, mas parte dos alunos tinha atividades de recuperação. Freitas carregava 105 munições.
Segundo estudantes ouvidos na época, o atirador também escolheu alguns dos seus alvos e chegou a dizer a um aluno: "Você não".
Dos feridos, apenas Russo ficou com graves sequelas.
Freitas era, segundo os colegas, vítima de humilhações. Obeso, era chamado de "gordo". Fez, então, um rigoroso regime para tentar se livrar da alcunha. Passaram a chamá-lo de "vinagrão" porque ruborizava-se ao se ver alvo de brincadeiras. Ele sempre permanecia calado.
De acordo com a diretora Maria de Lourdes Jacon Fernandes, 52, atingida de raspão no episódio, desde 2003 a direção passou a ter uma atenção especial ao comportamento dos alunos.
"Os alunos muito introspectivos, aqueles que nunca vão à diretoria, não conversam e, em tese, não dão trabalho, são os que merecem mais atenção", disse. "Recentemente, identificamos um problema assim. Chamamos os pais para conversar. Agora a família faz acompanhamento psiquiátrico."


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