São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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Viaduto vira "elefante branco" no Tatuapé

Impasse na desapropriação de terreno onde haverá alça de acesso paralisou obra às margens da Radial Leste

Construção deveria ter acabado em 2008; Prefeitura ofereceu R$ 2 milhões a proprietário do terreno, que recusou

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Por falta de uma alça de acesso, o viaduto estaiado do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, é hoje apenas um imponente monumento à margem da Radial Leste.
Concluído em 2010, o viaduto de 122 metros de comprimento, 61 m de altura e suspenso por 700 toneladas de aço, sobre a avenida Salim Farah Maluf, não tem prazo para ser inaugurado.
Tudo por conta da dificuldade da prefeitura em desapropriar um terreno vizinho, de 3.000 metros quadrados, onde será construída a alça no sentido Belenzinho.
A gestão Gilberto Kassab ofereceu cerca de R$ 2 milhões; o proprietário, Nure Saad, concordou com a venda, mas recusou a quantia -ele acha que a área vale mais pelo tamanho, suficiente para um conjunto comercial ou residencial, e localização, ao lado da Radial Leste.
A obra, segundo a prefeitura, está "90% pronta" e será entregue 45 dias depois de o município obter a posse do terreno cuja desapropriação está em debate na Justiça.
A sentença ainda não tem data para sair. Um perito independente nomeado pela Justiça já avaliou o terreno -ele indicará o valor da área e o apresentará ao juiz, que então determinará quanto a prefeitura tem de pagar. Carlos Gonçalves Júnior, advogado de Nure Saad, disse esperar por uma decisão em 15 dias. A partir daí, a administração pode tomar posse da área e começar obras da alça.
No terreno, que costumava abrigar o Circo Spacial, ficará a alça de acesso da rua Padre Adelino à Radial Leste.
O viaduto estaiado integra o complexo viário Padre Adelino, que inclui ainda outro novo viaduto e a ampliação de mais um (Pires do Rio).
A obra melhorará, segundo a prefeitura, o trânsito da região e permitirá ligação entre Belenzinho e Tatuapé, sem passar pela Radial. É a "porta de entrada da zona leste", disse Kassab em 2010.
Até agora, só há problemas, a começar pelo atraso: o complexo viário deveria ter ficado pronto no segundo semestre de 2008, um ano e meio após o início do serviço.
O custo subiu 80%, de R$ 63,5 milhões em 2007, para R$ 114 milhões em 2011.
Com a diferença, paga à empreiteira Construbase, seria possível construir 11 escolas de ensino fundamental.

"ESTÉTICO"
A demora fez a população local batizar a viaduto de "elefante branco".
"É um investimento muito alto, mais estético do que para melhorar o trânsito", diz Fábio Nunes, 23, vendedor em loja ao lado do viaduto.
Antonio Sampaio Teixeira, superintendente da distrital Tatuapé da Associação Comercial de São Paulo, vê benefícios, como a revitalização urbana da rua Padre Adelino e facilidade de entrada e saída do bairro, hoje dependente da Radial.


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