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TRÁFICO
Segundo homem na hierarquia do órgão foi afastado após policial ser acusado de tentar embarcar com 1,39 kg de cocaína
Novo escândalo abala cúpula do Denarc
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) de
São Paulo, que deveria combater
o tráfico no Estado, vive o terceiro
escândalo em menos de seis meses. A prisão em flagrante do policial Francisco Marcondes Romeiro Neto, 30 por tráfico internacional de drogas provocou a queda
do delegado divisionário Ubiracyr Pires da Silva, segundo homem na hierarquia do Denarc na
área de repressão ao tráfico.
Romeiro Neto foi preso anteontem no Aeroporto Internacional
Antônio Carlos Jobim, na zona
norte do Rio, sob acusação de integrar uma quadrilha especializada em levar cocaína para a Europa. Com ele foi presa Cristine
Mousquer Ardmt, 28, acusada pela Polícia Federal de carregar 1,39
kg de cocaína dentro das meias.
Os dois embarcariam para
Amsterdã no vôo 441 da Air France. Eles foram presos pouco antes
do embarque, anteontem à noite.
Em depoimento à Polícia Federal,
Cristine disse que a droga pertencia ao policial. Romeiro Neto negou a acusação e afirmou que só
falará em juízo.
Cristine afirmou que aceitou
transportar a droga porque a quadrilha mantinha sob ameaça uma
irmã e uma amiga em São Paulo.
Elas foram encontradas em um
apartamento em Moema (zona
sul), segundo o corregedor-geral
da Polícia Civil, Roberto Maurício
Genofre. Elas confirmaram a
ameaça à PF de São Paulo.
Segundo a PF do Rio, Romeiro
Neto faz parte de uma quadrilha
que vem sendo investigada há três
meses por agentes federais e pela
Polícia Civil paulista. As investigações indicam que o grupo levava cocaína para a Holanda e, em
troca, trazia ecstasy. As pílulas são
distribuídas para São Paulo, Rio
de Janeiro e Santa Catarina.
A polícia paulista também afastou o investigador do Denarc Flávio Simões Jr., suspeito de dar
apoio logístico a Romeiro Neto e
de ter coagido as duas mulheres.
"Pelo menos mais uma pessoa está envolvida nessa operação",
afirmou Edmur Encílio Luchiari,
delegado divisionário da Assistência Policial do Denarc.
A suspeita é que essa terceira
pessoa seja um ganso -informante da polícia.
Luchiari afirma que Romeiro
Neto, Simões e outros policiais do
Denarc estavam sendo investigados desde dezembro. O departamento teria decidido fazer uma
investigação interna depois do escândalo da "cracolândia", quando cinco policiais foram acusados
de comandar o tráfico na região
central de São Paulo.
A Folha falou com Silva por volta das 15h30, antes de ele saber
que seria afastado -depois disso
ele não foi mais localizado. Silva
disse que sabia pouco da prisão de
Romeiro Neto, mas afirmou que a
ação do policial foi "particular".
O próprio Silva disse que Romeiro Neto era um agente, que
trabalhava como motorista na 2ª
Dise, a mesma do delegado Fábio
Dal Mas, afastado no mês passado
por suposto envolvimento em um
esquema de extorsão de dinheiro
e facilitação de contrabando.
Luchiari afirmou que o delegado divisionário foi afastado para
facilitar as investigações. Mas, segundo membros da cúpula da polícia, Silva caiu porque era o responsável pela parte operacional e
teria perdido o controle de seus
comandados.
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