São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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TRÁFICO

Segundo homem na hierarquia do órgão foi afastado após policial ser acusado de tentar embarcar com 1,39 kg de cocaína

Novo escândalo abala cúpula do Denarc

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) de São Paulo, que deveria combater o tráfico no Estado, vive o terceiro escândalo em menos de seis meses. A prisão em flagrante do policial Francisco Marcondes Romeiro Neto, 30 por tráfico internacional de drogas provocou a queda do delegado divisionário Ubiracyr Pires da Silva, segundo homem na hierarquia do Denarc na área de repressão ao tráfico.
Romeiro Neto foi preso anteontem no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na zona norte do Rio, sob acusação de integrar uma quadrilha especializada em levar cocaína para a Europa. Com ele foi presa Cristine Mousquer Ardmt, 28, acusada pela Polícia Federal de carregar 1,39 kg de cocaína dentro das meias.
Os dois embarcariam para Amsterdã no vôo 441 da Air France. Eles foram presos pouco antes do embarque, anteontem à noite. Em depoimento à Polícia Federal, Cristine disse que a droga pertencia ao policial. Romeiro Neto negou a acusação e afirmou que só falará em juízo.
Cristine afirmou que aceitou transportar a droga porque a quadrilha mantinha sob ameaça uma irmã e uma amiga em São Paulo. Elas foram encontradas em um apartamento em Moema (zona sul), segundo o corregedor-geral da Polícia Civil, Roberto Maurício Genofre. Elas confirmaram a ameaça à PF de São Paulo.
Segundo a PF do Rio, Romeiro Neto faz parte de uma quadrilha que vem sendo investigada há três meses por agentes federais e pela Polícia Civil paulista. As investigações indicam que o grupo levava cocaína para a Holanda e, em troca, trazia ecstasy. As pílulas são distribuídas para São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A polícia paulista também afastou o investigador do Denarc Flávio Simões Jr., suspeito de dar apoio logístico a Romeiro Neto e de ter coagido as duas mulheres. "Pelo menos mais uma pessoa está envolvida nessa operação", afirmou Edmur Encílio Luchiari, delegado divisionário da Assistência Policial do Denarc.
A suspeita é que essa terceira pessoa seja um ganso -informante da polícia.
Luchiari afirma que Romeiro Neto, Simões e outros policiais do Denarc estavam sendo investigados desde dezembro. O departamento teria decidido fazer uma investigação interna depois do escândalo da "cracolândia", quando cinco policiais foram acusados de comandar o tráfico na região central de São Paulo.
A Folha falou com Silva por volta das 15h30, antes de ele saber que seria afastado -depois disso ele não foi mais localizado. Silva disse que sabia pouco da prisão de Romeiro Neto, mas afirmou que a ação do policial foi "particular".
O próprio Silva disse que Romeiro Neto era um agente, que trabalhava como motorista na 2ª Dise, a mesma do delegado Fábio Dal Mas, afastado no mês passado por suposto envolvimento em um esquema de extorsão de dinheiro e facilitação de contrabando.
Luchiari afirmou que o delegado divisionário foi afastado para facilitar as investigações. Mas, segundo membros da cúpula da polícia, Silva caiu porque era o responsável pela parte operacional e teria perdido o controle de seus comandados.



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