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EDUCAÇÃO
Pesquisa feita em 2.351 estabelecimentos de todo o país mostra ainda que o problema provoca aumento de violência
Consumo de drogas atinge 32% das escolas
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisa inédita feita em todo o
país revela que o consumo de drogas está presente em 32,1% das escolas de ensino médio e fundamental. Já o tráfico de entorpecentes aparece em 21,7% desses
estabelecimentos. A consulta foi
feita em unidades de ensino municipais, estaduais e particulares.
Os índices constam da pesquisa
"Retratos da Escola 2", da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. No estudo,
divulgado ontem, foram ouvidos
cerca de 20 mil alunos e 2.000 professores e funcionários em 2.351
estabelecimentos de ensino.
No estudo, o parâmetro para
atestar a presença de tráfico ou de
consumo de drogas nas escolas
permite que o problema seja ocasional ou frequente e possa ter
ocorrido dentro ou no entorno da
escola pesquisada.
No caso de tráfico de drogas, o
Rio Grande do Sul aparece, em
extrato da pesquisa com dados
por Estado, com o maior índice de
ocorrência ocasional dentro e fora
da escola -23,1% e de 40,4%, respectivamente. Nesse item, o Estado de São Paulo está em 10º
(9,8%) e 6º (34,7%) lugares.
Já as escolas da Paraíba aparecem na liderança de casos de consumo ocasional de droga nas dependências do estabelecimento
de ensino -43,2% (São Paulo,
15,4%) e as do Ceará no entorno
-66,7% (São Paulo, 22,9%).
"Os índices, quaisquer que sejam eles, nos amedrontam porque eles atingem crianças e adolescentes", disse Teresa Leitão, secretária-geral da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em
Educação.
Efeito
Apesar da presença de tráfico e
de consumo de drogas poder aparecer apenas fora da escola, o estudo aponta que os problemas
afetam diretamente a vida e o desempenho dos estudantes e dos
funcionários de um estabelecimento de ensino.
O levantamento permite chegar
à conclusão que as drogas não
chegam sozinhas às escolas. Elas
provocam também aumento de
agressões, roubo, furto, pichações, sujeira e depredação.
E o pior: diminuem a probabilidade de o aluno aprender e, consequentemente, ser aprovado.
Um dos itens da pesquisa, por
exemplo, compara a porcentagem de agressões físicas em escolas com e sem presença de drogas.
No primeiro caso, foi constatada
ocorrência de agressões em 46,9%
delas. No outro, a porcentagem
cai quase pela metade (24%).
Esse exemplo se repete nos outros casos de violência. As porcentagens também mostram que
escolas públicas apresentam os
maiores índices, comparado aos
das particulares.
Nas públicas, os maiores índices
aparecem frequentemente nas escolas estaduais -onde, por
exemplo, há 26% de presença de
armas brancas. Uma explicação
para esse comportamento é que
essas unidades concentram, majoritariamente, os estudantes de
5ª a 8ª séries e com a faixa etária
mais suscetível às drogas: de 11 a
17 anos, na maioria dos casos.
No aspecto da interferência da
violência da aprendizagem, a diferença entre escolas particulares
e públicas volta a aparecer, mas o
contraste é maior, segundo o estudo da confederação.
Cruzamento de dados feitos no
estudo aponta, por exemplo, que
um aluno da 4ª série de escola pública terá 14,7% mais facilidade de
aprendizagem se estiver em um
estabelecimento em que não há
presença de violência.
Mas, se o aluno estiver em uma
escola particular, a porcentagem
sobe para 49,6%. Nas unidades
em que há violência, os estudantes de escolas particulares também serão mais afetados negativamente -25,2%, contra 7,4%,
das escolas públicas.
A diferença se explica, de acordo com avaliação da secretária-geral, devido à banalização da violência entre a faixa mais carente
da população. Ou seja: a violência
perturba os mais favorecidos, que
estariam mais protegidos contra o
problema.
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