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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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URBANISMO

Presidente da entidade diz que pode boicotar projeto de reurbanização caso prefeitura opte por manter estilo atual

Paulista Viva ameaça não pagar reforma

PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Paulista Viva agora ameaça não bancar os custos da reforma da avenida Paulista, cartão-postal de São Paulo, caso a administração municipal decida utilizar pedras de mosaico português -que já compõem as calçadas- no novo projeto de reurbanização da avenida.
Dos 65 mil m2 de calçamento da Paulista, 40 mil m2 são de propriedade particular.
"Não vamos pagar a conta da colocação de um material que não queremos e que desaprovamos. O mosaico português é antiquado, inadequado, vive dando problemas. Um projeto para um novo calçamento exige um novo material", afirmou o presidente da associação, Nelson Baeta Neves.
A última reforma nos pisos da Paulista aconteceu em 1973 e foi coordenada pela arquiteta Rosa Kliass -contratada no início da semana pela prefeitura para tocar o novo projeto do calçamento.
"Não estamos criticando a contratação nem a competência da arquiteta. Mas queremos um projeto digno e não a repetição do que está aí. Não vamos aceitar que nos enfiem uma imposição goela abaixo", afirmou Neves.
Na próxima terça-feira, o secretário das Subprefeituras, Antonio Donato, se reunirá com os membros da Paulista Viva para discutir o novo projeto do calçamento. A idéia é ouvir as propostas da entidade e chegar a um acordo.
Segundo a Folha apurou, a prefeitura estuda a possibilidade da colocação de um piso misto, com placas de concreto e mosaico português. Uma outra possibilidade é a colocação de lajotas -que evitariam a quebra do piso e minariam a existência de novos buracos no calçamento. Essa segunda alternativa pode evitar o conflito entre a entidade e a prefeitura.

Eleição ignorada
Onze meses depois da divulgação do resultado da eleição que escolheria o novo piso da Paulista, a prefeitura mudou de idéia e não irá mais adotar o concreto intertravado nas cores salmão, cinza-grafite e cinza-claro, vencedor do pleito. Na época, 2.600 pessoas participaram da votação -inclusive a prefeita Marta Suplicy (PT).
Agora, o governo municipal afirma que é preciso que a calçada esteja integrada ao projeto de reurbanização da avenida -que prevê, entre outras medidas, a troca de postes de iluminação.
Marta afirmou anteontem que vai esperar o "resultado da criação de Rosa Kliass" e afirmou que a população pode ficar tranquila porque algo "bonito" será feito.
Segundo Donato, o projeto precisa ser homogêneo e integrado. Ele diz que não houve erro da prefeitura na questão. Mas membros do primeiro escalão do governo municipal afirmam que a decisão por uma eleição popular foi algo precipitado e que a prefeitura deveria ter consultado mais os técnicos e arquitetos da Secretaria de Planejamento Urbano que, depois do resultado da eleição, fizeram um relatório reprovando o piso vencedor -também criticado por especialistas.
A Associação Paulista Viva também criticou o fato de a eleição -proposta pela própria prefeita- ter sido ignorada e alegou que não foi respeitado o princípio da participação popular.
A reurbanização da Paulista deverá começar no segundo semestre e consumirá, segundo estimativa da Secretaria das Subprefeituras, cerca de R$ 10 milhões. Mas a reurbanização não deverá estar totalmente pronta até o aniversário de 450 anos de São Paulo, em janeiro próximo.


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