São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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VIOLÊNCIA
Rosita Bichucher, 61, foi morta com um tiro na cabeça na Lagoa, na zona sul do Rio; vítima fazia visita à mãe
Ladrões matam médica dentro de prédio

ANDRÉ FELIPE LIMA
free-lance para a Folha

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

A médica Rosita Bichucher, 61 anos, foi morta com um tiro na cabeça no início da tarde de ontem durante um assalto dentro de um prédio da rua Fonte da Saudade, uma das mais nobres do bairro da Lagoa (zona sul do Rio).
Baleada por um dos dois homens que participaram do assalto, a médica ainda foi levada com vida para o hospital Miguel Couto (Leblon, zona sul), mas morreu antes de ir para a sala de cirurgia.
Rosita não morava no prédio e estava lá para uma visita à mãe, Bertha Rosen, 90, que é moradora.
Segundo moradores, os dois homens chegaram à portaria do prédio número 246 da rua conduzindo um vaso de flores, fingindo serem entregadores de uma floricultura. Eles renderam o porteiro, identificado apenas como Antônio Carlos, a médica e três outras pessoas da família do porteiro e dirigiram-se com eles à casa de máquinas do elevador, que fica próxima ao próprio elevador.
Os homens renderam também um morador, que descia com os filhos, e outras pessoas que chegaram ao local naquele momento.
Eles tomaram dinheiro, jóias, cartões de crédito das pessoas e as mantiveram sob a mira de dois revólveres no térreo do prédio.
Segundo depoimento de uma das vítimas ao delegado Jorge Zahra, da 15ª DP (Delegacia Policial), os homens decidiram ir ao apartamento de uma das vítimas, no quarto andar, para continuar o assalto. Ainda de acordo com o depoimento, um dos homens já tinha discutido com a médica porque ela não obedeceu a uma ordem para sentar.
Eles também haviam pedido a senha do cartão de crédito da médica, que forneceu o número. No elevador, sem motivo aparente, um deles disparou a arma na cabeça da médica. O delegado disse que o disparo pode ter sido acidental.
Um dos homens teria dito então: "sujou" (complicou) e ordenou que todos descessem no quarto andar. O corpo da médica, ainda com vida, foi abandonado no corredor do mesmo andar e os homens desceram no elevador para fugir.
Segundo a testemunha, os dois homens eram brancos, baixos e fortes. O delegado Zahra disse que ainda não há suspeitos. A polícia apurou que os dois homens foram vistos tentando assaltar uma mulher que comprava flores.
Por ser uma rua sem saída, na encosta de um morro, a rua Fonte da Saudade é considerada uma das mais tranquilas do bairro. O assalto de ontem foi considerado um fato raro pelos moradores da área.
Até o final da tarde, a mãe da médica não havia sido avisada da sua morte. Por ser idosa e ter problemas de saúde, havia o temor de que ela não resistisse à notícia.


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